quarta-feira, 31 de março de 2010

sim! sempre a mesma cidade


todas essas cidades em mim



sim! sempre o mesmo corpo

todos esses corpos em mim



sim! sempre a mesma dor

todas essas dores em mim



sim! sempre o mesmo tempo

todo esse tempo em mim



?quantos desertos devoramos

antes q todos eles nos devore.

Alberto Lins Caldas

terça-feira, 30 de março de 2010

minu[ T ]os

O TEMPO PREGOU A PEÇA

e o relógio se perdeu.



na escrivaninha o homem criou uma peça

com os olhos no relógio

QUE A TORTO O TEMPO MARCAVA

E o homem perdeu SEU TEMPO

ficou velho, careca e com ALGUNS resquício GRISALHOS



NO TEMPO DE SUA PEÇA

o homem ficou sábio

com os olhos no relógio

esqueceu do mundo DESTE TEMPO



O mundo prega peças

ANTES DO FIM - DE CADA UM.

PERDENDO-SE NO GIRO DO PONTEIRO



Esqueceu-se quem era:

se foRAM AS LEMBRANÇAs,

Que no tempo ficou.

E Perdido por todo o tempo,

De passar tão lento...

Um destes se foi.



BuscANDO saber:

Se era o tempo; a peça;

a escrivaninha ou

o relógio...

PERCEBO Q’era o homem,

Que por tanto contar às horas

se matou DE TÉDIO.

(SE MATOU DE TÉDIO)

Alexandre Barros

segunda-feira, 29 de março de 2010

A ÁGUA

No céu as nuvens aglomeradas formavam figures de uma cachoeira, enquanto a terra árida queimava os pés do sertanejo que ansioso olhava o infinito azul abrigando tanta nuvem. Em sua ignorância daquela região seca,não sabia que ali tinha tanta água.

Uma brisa passou pelo sertão, o sol aqueceu e a brisa subiu até aquelas nuvens que naquele momento formou a imagem de Nossa Senhora embalando o Menino Jesus.

O sertanejo ajoelhou na terra árida e olhou, olhou, em sua face marcada pela poeira, as lágrimas desceram e quem de perto visse, juraria que ali formou os espinhos que sangraram Jesus quando estivera na cruz.

Do choro silencioso, foi se transformando em soluços, e lá céu, Nossa Senhora nas nuvens foi se transformando, e seu choro em mais soluços, e de repente sentiu suas lágrimas esfriando, e seu corpo banhado. Ele então percebeu que Nossa Senhora havia sumido, e a chuva lavava seu rosto. Ao longe gritos de alegria rompeu o silencio do sertão, e a água caia sobre o solo. A terra acolheu aquele milagre e o sertanejo de tanta emoção seguiu a correnteza que corria para o açude seco.

Seu corpo desapareceu no açude, e dizem até hoje, que quando a seca está castigando o sertão, as pessoas olham para céu, e quando as nuvens formando rosto do sertanejo que desapareceu no açude, a chuva cai e fertiliza aquela região,que nunca mais teve seca

Lira Vargas


Esse texto foi um desafio de brincadeira feitos entre eu e Patrícia na Semana Santa em Iguaba. Abril /2006. fiz em 13 minutos.

Mysor -India

Singladura

El mar es una gran espada innumerable y una plenitud de pobreza.


La llamarada es traducible en ira, el manantial en tiempo, y la cisterna en clara aceptación.

El mar es solitario como un ciego.

El mar es un antiguo lenguaje que ya no alcanzo a descifrar.

En su hondura, el alba es una humilde tapia encalada.

De su confín surge el calor, igual que una humareda.

Impenetrable como de piedra labrada

persiste el mar ante los muchos días.

Cada tarde es un puerto.

Nuestra mirada flagelada de mar camina por su cielo:

Ultima playa blanda, celeste arcilla de las tardes.

¡Qué dulce intimidad la del ocaso en el huraño mar!

Claras como una feria brillan las nubes.

La luna nueva se ha enredado en un mástil.

La misma luna que dejamos bajo un arco de piedra y cuya luz agraciará los sauzales.

En la cubierta, quietamente, yo comparto la tarde con mi hermana, como un trozo de pan.

Jorge Luis Borges (1899-1986.)

SOLIDARIEDADE

Encontrei solidariedade no olhar de meus cachorrinhos

De meus filhos e ate de minha neta

Encontrei solidariedade em alguns irmãos e em muitos amigos

Encontrei inveja e ódio em pessoas da família, que se gloriou de uns poucos aborrecimentos.

Consegui sorrir, pois mesmo que uns poucos não queiram

Sou capaz de fazer amigos, cresci vendo o mundo nas mais variadas formas

Na miséria do pobre que sofre fome

Na solidão dos hospitais dos enfermos sem esperanças

Na manha que rompe a noite para mais um dia de luta

Na noite que reúne o que se fez de dia

No sorriso que sei dar que sai do coração

No abraço que recebo de muitos que amo,porque

A SOLIDARIEDADE E A GRATIDAO, SÃO SENTIMENTOS

NOBRES COMO O AMOR.

Lira Vargas.

domingo, 28 de março de 2010

Prisão da alma

São horas vagas



Em dias etéreos



Em campo estéril



Sou eu no infinito



No vago!



No vazio do teu quarto



Em horas do tédio



Em dias remotos



Sou eu em teus braços



No vazio



No vago



No tédio


Samuel Costa
é poeta em Itajaí
sociedade dos escritores
esse filete de sangue


entre nos dois

esse ritmo

esse no

esse

isso nos sabemos

quanto ao resto

veremos
 
Albeto Lins Caldas

sexta-feira, 26 de março de 2010

ESSÊNCIA

Às vezes

Sinto-me batendo nas teclas de um piano mudo

Surpreendo-me camponês

Semeando terras estéreis

Vejo-me voando com asas de cera

Cada vez mais alto, tentando alcançar teus olhos

Tentando alcançar com a ponta dos dedos

Uma lágrima que cai com o vento

Uma gota que se estilhaça ao me aproximar

Me faz parar, deitar e chorar

E te abandonar

E te deixar só em tua ilha distante

Longe dos meus versos azuis

Longe do meu olhar suplicante

Nunca saberás, então

Quanta saudade sentirei no primeiro segundo

No instante em que me rasgar tua ausência

Nunca saberás qual é o gosto de minha essência

Não posso mais vagar pelas trevas

De tua velha mansão em ruínas

Não consigo buscar-te às cegas

Numa queda livre que nunca termina

No entanto

Se tudo que fomos foi poesia

Deixo-te uma garrafa de minha essência

Infelizmente

Vazia.

Eduardo Barcellos Penteado

quinta-feira, 25 de março de 2010

Hutong de Beijing

PLATONIFICANDO

Nada mais certo

Que menos sexo

Mais do mesmo

É muito broxa





Um casal aberto

Desclitoriza o nexo

Corta o membro

Engole em seco a tocha





Sérgio Viralobos

quarta-feira, 24 de março de 2010

DOR

DOR




nos olhos:-

[água]



no coração:-

[faca]



na janela:-

[“apenas”]



uma fresta

para matar

os ácaros


Lúcia Gönczy
http://www.luciagonczy.blogspot.com/

terça-feira, 23 de março de 2010

Trajetória

não quero a recompensa

dos reconhecimentos

[póstumos]

quero o aqui e agora

o instante, o ato

as coisas que fragmentam

como a fragilidade das borboletas

e as pontes que reconstruo

com a força de um leão

[a cada momento]

sem olhar para trás



Lúcia Gönczy
sabor gente indigente


mal passada

desacompanhamento indigesto

sem recheio, talher, prato

um restolho humano

no banquete, substrato


Magamaga mim
Pó&Teias
crocitam corvos


no pere lachaise

crocitam corvos

no sacre-coeur

crocitam corvos

nas chamines

crocitam corvos

no beaubourg

!tão fragil o corpo

crocitam corvos

em montparnasse

?onde crocitam

tantos corvos

senão na carne.

.Alberto Lins Caldas

Suissa

Informes aedos

Curso de criação literária no CELIN
com a Doutora Susan Blum Pessoa
Terças a   noite?

celin da XV...

 Inscrição no local.

domingo, 21 de março de 2010

[b]eu sei

eu sei,

você vai fugir, vai se esquivar

por ter medo de falar

coisas que eu não quero ouvir.

eu sei,

você vai silenciar

sem saber que só aumenta

minha angustia de entender

o que se passa com você.

também sei,

que o tempo vai passar

e selar nossas tristezas...

pondo as cartas sobre a mesa

vai fechando cicatrizes

mas a fenda que há por dentro

desta ausência tão sentida

ficará ampla , irrestrita

no meu peito para sempre

feito chaga que não cura

e sangra sempre em dias cinzas.


Lúcia Gönczy
avido de mim

mordo tua lingua



ilumino me de treva

em teus delirios



breve loucura

essa de todos nós

Alberto Lins Caldas

sábado, 20 de março de 2010

Se




Se podes conservar o teu bom senso e a calma

No mundo a delirar para quem o louco és tu…

Se podes crer em ti com toda a força de alma

Quando ninguém te crê…Se vais faminto e nu,



Trilhando sem revolta um rumo solitário…

Se à torva intolerância, à negra incompreensão,

Tu podes responder subindo o teu calvário

Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão…



Se podes dizer bem de quem te calunia…

Se dás ternura em troca aos que te dão rancor

(Mas sem a afectação de um santo que oficia

Nem pretensões de sábio a dar lições de amor)…



Se podes esperar sem fatigar a esperança…

Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho…

Fazer do pensamento um arco de aliança,

Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho…



Se podes encarar com indiferença igual

O triunfo e a derrota, eternos impostores…

Se podes ver o bem oculto em todo o mal

E resignar sorrindo o amor dos teus amores…



Se podes resistir à raiva e à vergonha

De ver envenenar as frases que disseste

E que um velhaco emprega eivadas de peçonha

Com falsas intenções que tu jamais lhes deste…



Se podes ver por terra as obras que fizeste,

Vaiadas por malsins, desorientando o povo,

E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,

Voltares ao princípio a construir de novo…



Se puderes obrigar o coração e os músculos

A renovar um esforço há muito vacilante,

Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,

Só exista a vontade a comandar avante…



Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre…

Se vivendo entre os reis, conservas a humildade…

Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre

São iguais para ti à luz da eternidade…



Se quem conta contigo encontra mais que a conta…

Se podes empregar os sessenta segundos

Do minuto que passa em obra de tal monta

Que o minute se espraie em séculos fecundos…



Então, á ser sublime, o mundo inteiro é teu!

Já dominaste os reis, os tempos, os espaços!…

Mas, ainda para além, um novo sol rompeu,

Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.



Pairando numa esfera acima deste plano,

Sem receares jamais que os erros te retomem,

Quando já nada houver em ti que seja humano,

Alegra-te, meu filho, então serás um homem!…



(RUDYARD KIPLING



- tradução de Féliz Bermudes)

sexta-feira, 19 de março de 2010

o mudo terror de tua alma em alarde
nem o mais escuro esconde
quer correr mas agora é tarde
quer gritar mas agora é longe


Antonio Thadeu Wojciechowski

Polacodabarreirinha's Blog
http://www.polacodabarreirinha.wordpress.com/

Trama

Sigo largando traços, desligamentos, marcas e uma espécie de culpa por ter sempre desejado demais,amado demais, sentido demais. Atravessado domínios, cercas e extremos numa euforia de raiz, de mato, de vento que se espalha rápido como chuva de verão, absorvendo todo o conteúdo, todo o envolvimento censurável... E acorrentei toda a fantasia sem me importar e vivi, toda a beleza dos instantes, das sensações, de estar viva pulsando. Corri todos os riscos, comendo, bebendo estrelas e sóis de todos os planetas, de todo o mistério que não se determina.Tudo que flutua, numa singularidade de unicórnio com esse meu jeito vadio, inconseqüente e sonhador.Sigo largando traços e alguma coisa dentro de mim que estranha, meio selvagem, obstinada e primitiva. Fujo das ruas, guardo todas as fantasias e como flores nessa hora física que determina.Com um sentimento como de culpa, de desordem, de não aceitação, medo, ou falta de espaço. Me refugio no teto, num canto seguro, cheia de tramas, plumas e ardis...


Mara Araujo
O restante do texto pode ser encontrado em :
http://www.mara-araujo.blogspot.com/

quarta-feira, 17 de março de 2010

Al buen callar...

[Cuento. Texto completo]

Emilia Pardo Bazán

No tenían más hijo que aquel los duques de Toledo, pero era un niño como unas flores; sano, apuesto, intrépido, y, en la edad tierna, de condición tan angelical y noble, que le amaban sus servidores punto menos que sus padres. Traíale su madre vestido de terciopelo que guarnecían encajes de Holanda, luciendo guantes de olorosa gamuza y brincos y joyeles de pedrería en el cintillo del birrete; y al mirarle pasar por la calle, bizarro y galán cual un caballero en miniatura, las mujeres le echaban besos con la punta de los dedos, las vejezuelas reían guiñando el ojo para significar «¡Quién te verá a los veinte!», y los graves beneficiados y los frailes austeros, sacando la cabeza de la capucha y las manos de las mangas, le enviaban al paso una bendición.

Sin embargo, el duque de Toledo, aunque muy orgulloso de su vástago, observaba con inquietud creciente una mala cualidad que tenía, y que según avanzaba en edad el niño don Sancho iba en aumento. Consistía el defecto en una especie de manía tenacísima de cantar la verdad a troche y moche, viniese a cuento o no viniese, en cualquier asunto y delante de cualquier persona. Cortesano viejo ya el duque de Toledo, ducho en saber que en la corte todo es disfraz, adivinaba con terror que su hijo, por más alentado, generoso, listo y agudo que se mostrase, jamás obtendría el alto puesto que le era debido en el mundo, si no corregía tan funesta propensión.

-Reñida está la discreción con la verdad: como que la verdad es a menudo la indiscreción misma -advertía a su hijo el duque-. Por la boca solemos morir como los simples peces, y no es muerte propia de hombre avisado, sino de animal bruto, frío y torpe -solía añadir.

Corríase y afligíase el rapaz de tales reprensiones y advertencias, y persuadido de que erraba al ser tan sincero, proponía en su corazón enmendarse; pero su natural no lo consentía: una fuerza extraña le traía la verdad a los labios, no dándole punto de reposo hasta que la soltaba por fin, con gran aflicción del duque, que se mataba en repetir:

-Hijo Sancho, mira que lo que haces... La verdad es un veneno de los más activos; pero en vez de tomarse por la boca, sale de ella. Esparcida en el aire, es cuando mata. Si tan atractiva te parece la fatal verdad, guárdala en ti y para ti; no la repartas con nadie, y a nadie envenenarás.

Acaeció, pues, que frisando en los trece años y siendo cada vez más lindo, dispuesto y gentil el hijo de los duques de Toledo, un día que la reina salió a oír misa de parida a la catedral, hubo de verle al paso, y prendada de su apostura y de la buena gracia con que le hizo una reverencia profundísima, quiso informarse de quién era, y apenas lo supo, llamó al duque y con grandes instancias le pidió a don Sancho para paje de su real persona. Más aterrado que lisonjeado, participó el duque a su hijo el honor que les dispensaba la reina.

-Aquí de mis recelos, aquí del peligro, Sancho... Tu funesto achaque de veracidad ahora es cuando va a perderte y perdernos. Si la reserva y el arte de bien callar son siempre provechosas, en la cámara de los reyes son indispensables, te lo juro.

-Antes pienso, padre -replicó el precoz don Sancho-, que al lado de los reyes, por ser ellos figura e imagen de Dios, alentará la verdad misma. No cabrá en ellos mentira ni acción que deba ser oculta o reservada.

Confuso y perplejo dejó la respuesta al duque, pues le escarabajeaban en la memoria ciertas murmuraciones cortesanas referentes a liviandades y amoríos regios; pero tomando aliento:

-No, hijo -exclamó por fin-, no es así como tú supones... Cuando seas mayor y tu razón madure, entenderás estos enigmas. Por ahora solo te diré que si vas a la corte resuelto a decir verdades, mejor será que tomes ya mi cabeza y se la entregues al verdugo.

Cabizbajo y melancólico se quedó algún tiempo don Sancho, hasta que, como el que promete, extendió la mano con extraña gravedad, impropia de su juventud.

-Yo sé el remedio -afirmó. Mentir me es imposible, pero no así guardar silencio. Haced vos, padre, correr la voz de que un accidente me ha privado del habla, y yo os prometo, por dispensaros favor, ser mudo hasta el último día de mi vida si es preciso.

Pareció bien el arbitrio al duque y divulgó lo de la mudez; siendo lo notable del caso que la reina, sabedora de que el bello rapaz era mudo, mostró alegría suma y mayor empeño en tenerle a su servicio y órdenes. En efecto, desde aquel día asistió don Sancho como paje en la cámara de la reina, sellados los labios por el candado de la voluntad, viendo y oyendo todo cuanto ocurría, pero sin medios de propalarlo. Poco a poco la reina iba cobrándole extremado cariño. Sancho se pasaba las horas muertas echado en cojines de terciopelo al pie del sillón de su ama y recostando la cabeza en sus faldas, mientras ella con la fina mano cargada de sortijas le acariciaba maternalmente los oscuros y sedosos bucles. Las primeras veces que don Sancho fue encargado de abrir la puerta secreta a cierto magnate, y le vio penetrar furtivamente y a deshora en el camarín, y a la reina echarle al cuello los brazos, el pajecillo se dolió, se indignó, y, a poder soltar la lengua, Dios sabe la tragedia que en el palacio se arma. Por fortuna, Sancho era mudo; oía, eso sí, y las pláticas de los dos enamorados le pusieron al corriente de cosas harto graves, de secretos de Estado y familia; entre otros, de que el rey, a su vez, salía todas las noches con maravilloso recato a visitar a cierta judía muy hermosa, por quien olvidaba sus obligaciones de esposo y de monarca, y merced a cuyo influjo protegía desmedidamente a los hebreos, con perjuicio de sus reinos y mengua de sus tesoros. Envuelta en el misterio esta intriga, no la sabían más que el magnate y la reina; y don Sancho, trasladando su indignación del delito de la mujer al del marido, celebró nuevamente no haber tenido voz, porque así no se veía en riesgo de revelar verdad tan infame. Pasado algún tiempo, la confianza con que se hablaban delante del mudo pajecillo instruyó a éste de varias maldades gordas que se tramaban en la corte: supo cómo el privado, disimuladamente, hacía mangas y capirotes de la hacienda pública, y cómo el tío del rey conspiraba para destronarle, con otras infinitas tunantadas y bellaquerías que a cada momento soliviantaban y encrespaban la cólera y la virtuosa impaciencia de don Sancho, poniendo a prueba su constancia, en el mutismo absoluto a que se había comprometido.

Sucedía entretanto que le amaban todos mucho, porque aquel lindo paje silencioso, tan hidalgo y tan obediente, jamás había causado daño alguno a nadie. No hay para qué decir si le favorecían las damas, viéndole tan gentil y estando ciertas de su discreción; y desde el rey hasta el último criado, todos le deseaban bienes. Tanto aumentó su crédito y favor, que al cumplir los veinte años y tener que dejar su oficio de paje por el noble empleo de las armas, colmáronle de mercedes a porfía el rey, la reina, el privado y el infante, acrecentando los honores y preeminencias de su casa y haciéndole donación de alcaldías, fortalezas, villas y castillos. Y cuando, húmedas las mejillas de beso empapado de lágrimas con que le despidió la reina, que le quería como a otro hijo; oprimido el cuello con el peso de la cadena de oro que acababa de ceñirle el rey, salió don Sancho del alcázar y cabalgó en el fogoso andaluz de que el infante le había hecho presente; al ver cuántos males había evitado y cuántas prosperidades había traído su extraña determinación, tentóse la lengua con los dientes, y, meditabundo, dijo para sí (pues para los demás estaba bien determinado a no decir oxte ni moxte): «A la primera palabra que sueltes al aire, lengua mía, con estos dientes o con mi puñal te corto y te echo a los canes.»

Hay eruditos que sostienen la opinión de que de esta historia procede la frase vulgar, sin otra explicación plausible: «Al buen callar llaman Sancho.»

FIN
 
Fonte: http://www.ciudadseva.com/
cantando de galo



que pensa que letra

que leia que linha

que linha que veia

que sangue de vinha

palavra que lava

que lavra sozinha

pulsando na lira

que mira que tinha

que rima que canta

que tanta que minha

palavra que alvo

que salvo da rinha .
 
Rodrigo Mebs
http://www.frutafarta.blogspot.com/

CLARÃO DAS HORAS

Chove no clarão das horas,

Erra mesmo estando certo,

Há muita dor em sua órbita,

Assim como há dor em seu peito.

.

Come pouco, mas engorda,

Bebe do próprio veneno,

A sorte não lhe é profunda

Quanto é o seu sofrimento.

.

Quase se esqueceu dos livros,

Reza como passatempo,

Já não crê mais em vampiros,

Nem vibra tanto com o vento.

.

Solidão quando lhe aflora

Quase perde os movimentos,

Sente-se com catapora

E sangra ao se ferir por dentro.

Flávio Leite

domingo, 14 de março de 2010

India

farto entre lençois


do sono so pesadelo



garras no lugar das mãos

dentes entre linguas



apenas a noite

se desfaz



reparto a agonia

desse parto sem fim

.Alberto Lins Caldas

sexta-feira, 12 de março de 2010

LÁGRIMAS

Felicidade,

Tristeza e angústia...



Sensações,

Emoções e dor



No cálice da alma

Os olhos vertem...

Choro, prantos e lágrimas.



Alívio,

Saudade e lembranças,



De um filho, um pai

Ou um amor!



Flávio Reis
Do Livro Olhos de Lince/A visão de um poeta.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Quando chegou o momento.


Da percepção do fim.

Duvidei por um momento

Só por um momento

Então suspirei,

Mais uma vez,

Pra ter coragem

De dizer pra mim,

Da percepção que tive,

Que era mesmo o fim...



Heloisa Galves
Um espelho em frente de um espelho: imagem


que arranca da imagem, oh

maravilha do profundo de si, fonte fechada

na sua obra, luz que se faz

para se ver a luz.

Herberto Helder
© 1996, Assírio & Alvim
From:Poesia Toda, 1996
Publisher: Assírio & Alvim, Lisboa

Informes Aedos

 
bom dia

 
neste ano de 2010 iniciei um projeto para registrar as minhas poesias

 
com a criação do selo artesanal - 21 gramas

 
para dar andamento nos meus projetos literários estou vendendo os

 
livros de poesia ao preço de 10,00 - dez reais - cada, basta mandar

 
o valor pra minha conta e o endereço para este email...

 
cada livro segue com a dedicatória desta poeta que já tem um longo

 
caminho, que pode ser conferido aqui:

 

 

 
http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A1rbara_Lia

 

 

 
fico muito grata se as pessoas que acompanham meu trabalho comprarem

 
ao menos um livro

 

 

 
os livros e os temas dos livros estão na página que criei especialmente para

 
divulgar esta seleção da minha poesia - inventário da minha arte -

 

 

 
grande abraço

 

 

 
Bárbara Lia

 

 

 
o endereço onde estão os meus livros

 
http://edicoes21gramas.blogspot.com/

 

 

 
minha página na internet:

 
http://chaparaasborboletas.blogspot.com/

 

CANÇÃO DÉCIMA

Descesse a neve agreste do outono

das ruas nas areias da cidade

cansa-nos o verão e se descemos

de casa sobre os campos só das árvores

é a tranquilidade que

não dos homens

achamos



Mas se cansa o verão que vão sossego

que sossego terão injusto e falso

os homens que da neve o nome esperam e

da terra a treva fétida e as trevas

agrestes do oceano conheceram



Pedras ásperas têm semeado

na cidade

perdida vem a gente e trabalhada

das casas

onde morre



Descesse a neve

ao menos outro nome

poderíamos dar a este outono

descer das casas a olhar a água e

vir achá-la nas ruas mais parada



Quem poderá tranquilo olhar as águas

do tejo de desgraça semeadas

quem poderá amar este sossego

quem amará o fogo da paz falsa



Correrão águas limpas neste rio

onde chega hoje o sangue em vão perdido

e canção cantaremos a diversa

vida nossa e do tejo.

Gastão Cruz
lyricline.org

Risnov-Romênia

ECDISE

O tempo passou e ainda estou crescendo!

E as minhas vestes já não me servem mais...

Não preparei meu casulo, estou morrendo

Mas não queria mudar, pois éramos iguais.

.

A clausura me daria vida, mas até quando?

Distante de ti sofreria e não viveria jamais...

Se tiver que morrer, prefiro morrer amando

E a minha sentença foi por te amar demais.

.

Meu coração doente pedia um transplante

Eu sabia que ao teu lado encontraria a paz

Aos poucos vi você mudar seu semblante

.

E aos prantos você dizer, isso não se faz...

Vi a minha vida se perder em um instante

Mas minha alma vive! Meu corpo aqui jaz.


Flávio Reis

Do livro Olhos de Lince/A visão de um poeta.

Informes Aedos

O poeta Selmo de Vasconcellos entrevistou-me para a sua página, link abaixo...


uma conversa sobre a poesia nossa de cada dia...

grande abraço

Bárbara Lia

http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com/2010/03/barbara-lia-entrevista.html

terça-feira, 9 de março de 2010

Queres enquadrar-me?

– queres enquadrar-me?


se queres enquadrar-me

ao meu tempo de hoje

o agora, saiba então,

sofro de inquieta gula de vida

tenho vírus de irreverência adquirida

do tempo interior tenho dose letal

não tente aprisionar-me em seus fantasmas

em suas análises de janelas estreitas

eu existo além do tato

eu tenho nome, caminheiro, rebeldia

minha cidadania é a inspiração da poesia

sou mágica metamorfose de um dia

a essência do que ainda não foi criado

não tente enquadrar-me

me chame de vida, luminoso e perdido

ponto de energia

na reta oposta da circunferência

sou ângulo aberto convexo hipotenuso

circunferência com linhas retas e pontos picados

côncavo e convexo,

encaixe sem proporções exatas

o verso que virou reverso

meu nome é tempestade,

o vento cristalino nos olhos da brisa

a calmaria que navega o barco

a utopia de galeano

a dialética de marx

o desejo do faminto

o comunhão dos desunidos

reta, retina, choro, resina, sina, rima

registram no cartório,

a soma de tudo isso,

helder molina

algum menino travesso, filho das colinas.

Helder Molina

É noite na cidade

noite

a cidade adormeceu

a pesada mão do silêncio amordaçou as casas, e as almas

a noite extrema, o silencio reina

o vento varre os vestígios da presença humana

pelos becos, vielas, na boca dos nauseabundos

a noite vai, vadia, cambaleante, ziguezagueante

no céu a lua sorri, matreira,

conhece os segredos da noite

os segredos dos notívagos,

a confissão dos embriagados

as vontades incógnitas

alguns vigiam a madrugada, desafiam,

parceiros da boemia, cantadores de poesias,

percorrendo a escuridão,

cantando o amor e a solidão

deixam seu rastros de cantos e encantos

parceiros da noite

passarela dos líricos

devaneios dos apaixonados

alamedas dos boêmios

noites de conhaques, vinhos, cachaças

licores, amores, odores,

onde desfilam os profetas delirantes,

noite extrema, o silencio reina

o vento do amanhecer traz a algazarra,

a noite vadia se esvai

dia extremo.



Helder Molina

A peste sem cor

a história das sociedades documenta

pestes diversas

dizimaram populações

enfraqueceram nações,

esvaziaram comunidades,

cidades, corações.

peste cinzenta,

com tanta virulência e intensidade

projetaram sombras

no imaginário coletivo da humanidade

no cenário de hoje

uma outra peste se avizinha

a peste sem cor,

travestida de indiferença

intolerância

neutraliza sentimentos

dilui saberes

afeta prazeres

peste sem cor

nos aprisiona nos espaços privados

nos induz ao individualismo

ao imediatismo

nos torna escravos da competição

deixa seqüelas, apagam memórias

nos torna alienados, conformados,

acomodados



Helder Molina

A peste sem cor . ii

provoca redução da oxigenação dos tecidos

nos rouba as energias, dificultando as trocas

assassina a solidariedade

anestesia os sentidos e as emoções

reprime os desejos, esvazia a solidariedade

peste sem cor, ou peste cinzenta

nos torna apolíticos,

ideologicamente neutros

cidadãos do não lugar

a peste cinzenta já invadiu nosso lugar

detectamos seus vírus nas relações pessoais

procura-se um antídoto

peste sem cor ou cinzenta?

peste burguesa, capitalista, egoísta.



Helder Molina

Rio, museu aberto de história

rio, museu aberto de história

cidade monumento à memória

ponto de encontro: antigo chafariz,

ao lado do paço imperial,

local onde as lavadeiras se encontravam para lavar,

conversar, cantar e “tramar”.

seu roteiro é um poema vamos ao rio, antigo e presente!

rio monumento, de becos que cantam e encantam,

de vielas, favelas, geografia intensa e bela

dores de cidade partida,

contradições cortantes, traços fortes

de antigas e atuais feridas

rio antigo, passado vivo,

senzalas da opressão,

palco de resistências.

arena ecoante de sussurros,

de lamentos da escravidão.

rio história,capital colonial,

ruas impregnadas de marcas do presentes,

do passado, que revive e se faz memória.

museu aberto de tradições,

lendas, crenças, mitos, lutas,

identidades que não se apagam

negros, negras, índios,

donos da terra, dos mangues aterrados,

das matas destruídos,

dos morros removidos, da limpeza étnica,

dos índios dizimados, das culturas acorrentadas.

acervo atual de esperanças e lamentos,

que ecoam e não foram em vão.

ancestrais a caminhar pelas ruas de pedras,

quitandas, mercados, mercadores, pescadores,

homens vindos do mar.

Helder Molina

Rio, cidade monumento

rio imperial, republicano,

tropical, porões inundados de tantos ais,

onde o brasil tomou suas decisões.

rio centro, rio velho,

revisitado, amado, esquecido,

violentado, cantado, versado, proseado.

rio de janeiro, fevereiro e março,

a natureza fez régua e compasso,

aqui cidadania rima com esperança nos próximos passos.

vamos revisitar o rio antigo

praça xv que já foi pelourinho,

largo do passo, palco da abolição inventada

onde as chibatas sangravam a escravidão.

dos arcos dos teles,

onde o comércio das quitandas, do mercado,

de onde os barões guardavam

os frutos do trabalho escravo,

na igreja dos mercadores,

de devoção clandestina e reprovada

pela elite escravocrata e católica.

na igreja do rosário, de são benedito,

dos homens pretos, do sincretismo,

da escrava anastácia, da língua decepada

por ter voz ativa.

do primeiro banco, o do brasil (hoje centro cultural)

da primeira igreja de frente para o mar,

onde a santa candelária protegia

contra indesejáveis visitantes vindos pelo mar,

os monstros, os fantasmas, dragões

e outros perigos que habitavam

a cabeça do homem medieval

rio dos cortiços,

dos pobres livres, das casas coloniais,

dos botecos, dos bares e cafés,

onde literavam nossos poetas e escritores,

agitando os sentimentos abolicionistas

e republicanos.

rio da belle époque,

que bela época de sonhos liberais e capitalistas,

sangue índio e africano,

sonho europeu, orgulho parisiense,

alma brasileira, negro no trabalho,

elitista na opulência,

da avenida que derrubou os cortiços,

e virou central.



Helder Molina

Papo histórico e chopp no amarelinho

– papo histórico e chopp no amarelinho




rio branco, amarelo, negro e índio.

vamos revisitar,

das belas letras à engenharia

de uma futura nação,

primeira universidade do brasil.

os lavradios, os inválidos,

e suas casas de antiguidades,

da feira do rio antigo,

da lapa com seus dutos

por onde corriam as águas para belas casas

dos agentes da dominação.

da praça dos pobres, dos desvalidos,

onde estacionavam as charretes das madames,

senhores e barões,

batizada de tiradentes para nos trazer

a memória que o ouro é moeda de mãos nobres.

por fim, o triângulo cultural,

a biblioteca real que é nacional,

do teatro das artes nobres, que é municipal,

e do museu das bellas artes.

e, embebidos de cultura e história,

cansados, sedentos, vamos tomar um chopp no amarelinho,

com um papo histórico,

daqueles sem colarinho.

assim, misturando poesia, cultura e história



Helder Molina

UMA PÁ DE BRASA PARA SEMEAR O INFERNO

No meu coração

assombrado em vão



não há devotos



há sapos e serpentes

pelos cantos contentes



decorando maldição



e fantasmas dos mortos

que arrastam correntes



com seus elos tortos



acima do chão

onde pisam descrentes

(Lanoia)

segunda-feira, 8 de março de 2010

VERSO & REVERSO

VERSO & REVERSO




[Marcelo Mourão]



às vezes perco a fala:

nada salta, tudo cala.

não sou só palavras

sou também o silêncio

presente nesta página




Poemeto tirado do meu

livro: "O Diário do Camaleão",

que está à venda.
Colada à tua boca a minha desordem.

O meu vasto querer.

O incompossível se fazendo ordem.

Colada à tua boca, mas descomedida

Árdua

Construtor de ilusões examino-te sôfrega

Como se fosses morrer colado à minha boca.

Como se fosse nascer

E tu fosses o dia magnânimo

Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.





HILDA HILST

( Do Desejo - 1992)

SIGNO

Há tanto tempo que me entendo tua,

exilada do meu elemento de origem: ar,

não mais terra, o meu de escolha,

mas água, teu elemento, aquele

que é do amor e do amar.



Se a outro pertencia, pertenço agora a este

signo: da liquidez, do aguaceiro. E a ele

me entrego, desaguada, sem medir margens,

unindo a toda esta água do teu signo

minha água primitiva e desatada.

sexta-feira, 5 de março de 2010

GERMANY. Berlin. 12/07/1997: Love Parade.

nada mais faz sentido-


escrever artérias medos mitos

que vá tudo pro infinito!

quero a palavra viva-

línguas espumantes

entre cortados versos loucos,

quero tudo pulsando;

batendo pedras

cantando alto.



Lúcia Gönczy

Bengo-Angola

Bolero Blue

beber desse conhaque em tua boca

para matar a febre nas entranhas

entre os dentes

indecente é a forma que te bebo

como ou calo

e se não falo quando quero

na balada ou no bolero

não é por falta de desejo

é que a fome desse beijo

furta qualquer outra palavra presa

como caça indefesa

dentro da carne que não sai.


Artur Gomes

http://juras-secretas.blogspot.com/

quinta-feira, 4 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010