sábado, 3 de maio de 2014

CABEÇAS


Contar cabeças como janelas
dispostas em diagonal;
uma coleção de lagartos;
palavras sumérias;
trevos de quatro folhas
impressos num álbum.
Cada cabeça tem um nome
que pode ser relógio,
intestino, alfinete, isopor.
Há uma infinita variedade
de nomes estranhos.
Cada cabeça tem um preço
gravado em código de barras.
Geladeiras são mais caras
que testículos; formigas,
mais baratas que saudades.
Cada nome é um preço
composto de letras
em número par ou ímpar;
cada letra tem linhas retas
ou curvas, como os mexilhões.
Isto é tudo o que há para dizer.
Vamos acabar de contar as cabeças.
Para Abreu Paxe, 2007



Claudio Daniel

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