terça-feira, 12 de agosto de 2014

Alberto Lins Caldas

● no centro desse deserto meu coronel ●
● não ha deserto nem ha centro ●
● não ha sequer o deserto ●
● isso meu coronel não quer dizer ●
● q não exista o centro desse deserto ●
● mas q nele não ha deserto ou centro ●
● nele meu coronel não ha o deserto ●
● antes ou depois nem o centro ●
● nem do deserto nem nada mais ●
● nem nos mesmos meu coronel ●
● no centro desse deserto existimos ●
● no centro nem nos meu coronel ●
● basta abrir os olhos e se calar ●
● calar tão profundamente q o centro ●
● aparecera como murro na cara ●
● nada disso é conversa meu coronel ●
● nada disso é delirio meu coronel ●
● nada disso é besteira meu coronel ●
● pra isso tamos aqui depois de tudo ●
● pra isso deixamos nossas vidas ●
● crenças coisas e todos os desejos ●
● agora q tamos aqui meu coronel ●
● so nos resta abrir os olhos e abrir ●

● ate não restar nem esse aberto ●

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