quinta-feira, 28 de agosto de 2008

View of Edo



color Woodcut,C 1830
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death



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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A Barca

A nervosa barca trafega em modo sinistro
Rastreando inocências embrulhadas
Em papelotes intoxicados de soda cáustica

Serão cães hidrófobos
Em semáforos vertiginosos?

Recolherei as tampinhas de garrafa
Que condecoram os cadáveres calejados
Com projéteis de fumaça.

Ricardo Pozzo

Um Brinde Olímpico

Aos conterrâneos,
um brinde patriótico,
em tempo de congraçamento olímpico:

nosso país é o mundo:
vasto, vário, intenso

( - fronteiriço a outros mundos:
vastos, vários, intensos)

azul
sustentado em densidade de pedra, água, terra, ar
latejando sonoro, vibrante,
verde
dourada
sabedoria no secreto coração
de tantas cores tisnado que refulge
branco:
a paz

Priscila Prado

Asas de Nietzche

A essência da felicidade é não ter medo.
( Nietzche )



Em urdidura silenciosa
Escondem o pássaro
no crânio branco
-arapuca tétrica-
caveira fria.
Asas em valsa
coloridas de raios
que entra pelos olhos vazados,
e aquecem feito o fogo
e as papoulas
da primeira primavera.
Asas de pluma se ferem

no osso- cárcere- sangram;
asas metafísicas
voam céus de antes.

Bárbara Lia.in “A Última Chuva “

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Luz

Existe uma luz
Uma luz divina
Que nos faz sorrir
Existe uma luz
Uma luz serena
Que nos ajuda a seguir

É uma luz intensa
Que nos aquece a alma
Uma luz que nos ilumina
diante de qualquer escuridão
que nos guia na multidão

Há uma luz que emana
Onde quer que vá
Em dias de inverno ou verão
Em dias de chuva ou sol

É uma luz que brilha
Por você existir
É uma luz sagrada
Basta olhar dentro de si
Ela está a sua espera
Pra te conduzir.

(Sirlei L. Passolongo)

kadish

A natureza me deu saúde
mas não me deu paz
(Justinus Kerner)

A possibilidade do suicídio torna a vida muitas vezes suportável
(Emil Cioran)

Kadish
à Diego Pader Terry.

Iria começar uma oração
me lembrar um salmo,
iria rezar o pai-nosso
ou um kadisch
volver meus olhos
distar o jamais
aproximar meu passado.

Iria começar uma oração,
louvado seja!
lembrei que
do oitavo andar em Niterói
deus é pedra
a mesma pedra
que iria por em sua cova.

Louvado seja,
a mentira do sagrado,
que,
eu profano nesta hora;
bendito seja o Nome
meu Nome,
teu Nome (leitor)
e o Nome de quem nestas linhas
eu pranteio.

Louvado seja,
quase me esquecí
do intérmino da face
subterrâneo vivo
onde começa o meu olhar

Louvada seja
a Carne
- ossos lascados -
deus das alturas
vai
em queda livre
onde jaz
a carniça do vento.

Bendito seja o inferno,
maldita bendição,
porque malditos são
todos os alados
porque asas pesam,
pesam
a juventude nossa de cada sonho.

Bendito, louvado e maldito
seja o céu...
rasuro tua lápide,
arremessando as letras
seladas
com o cuspe
do amanhã;
santo é
o nome do Horror;
inscrevo-lhe meu salmo
e rasuro tua lápide.

Maldito, louvado, bendito
seja o Nome da Carne
Ossos que espatifam.

Perdoe-me Pedra
venha tu
ao meu reino
que seja feita
em terra
a terra
nos extratos do jamais
e rezo aqui
o cimo daquela hora
no declive desta oração.
Amém.

Tullio Stefano

busca

Busco algo que em mim parece perdido
A essência de um bem que eu desconheço
Elevada liberdade para o coração submisso
Um valor mais nobre do que me é oferecido
Busco a satisfação próxima do esgotamento
Entregar-me a envolvente e prazeroso vazio
Nutrir-me de caos, sem culpa, até o fastio
Observar sem obrigatório entendimento
Para então poder redecorar meus pensamentos
E arquitetar para a ilusão novos palácios
E finalmente ter como maior dos sacrifícios
Dar vida e expressão aos meus sentimentos
Iriene Borges

Sol noturno

Te encontro
na delícia das maçãs
a pele orvalhada
de flores de ontem
no mel da retina
a taça do amor

ao tocar o desejo
o vinho de hoje

quebra o silêncio
um sussurro rouco
de palavras tontas
percorrendo
corredores estreitos
de um sol noturno

-desperto
ao sabor da manhã

Cláudia Gonçalves

lingüisticamente falando

Somos sentido.

E nesse sentido, somos linguagem.

Usuários fonéticos

tentando manter em equilíbrio

a simetria gramatical.

Tendemos a dizer,

por formas diversas,

sempre a mesma coisa.

Num universo físico

de nêutrons, elétrons e prótons

somos corpos celestes,

e com muitos prós e contras

somos terrestres

numa gangorra de concentração ou dispersão

em sons centrípetos ou centrífugos.

E em nossas rotações

e translações lingüísticas

vamos atraindo signos e silêncios

ao nosso discurso verbal,

e repelimos significados

não essenciais



Deisi Perin