quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Muita alma
nessa calma
muita pressa
presa nessa
angústia.
Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Revoada

Na perfeita coreografia do vento
agitadas maritacas
espelham pelo céu de inverno
as lembranças do verão.
Andrea Motta

Contraste

Conflitos rasgados
Consagram nos olhos
a extrema fragilidade
do grito preso ao relógio.
Andrea Motta

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O pet da moda é o puig
onde estarão as pequinesas e os afegãos,
bibelôs de carne e nervos?
Não são mais "IN"?
Indo para as ruas
uivando para a lua
ou à flutuar numa bolha de sabão
à caminho de Pequin ou Afeganistão.
Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Que tal fotografar o amanhã

Que tal umas fotos de poéticos lugares,
Que tal fotos de crianças em paz
Que tal pessoas não guerreiras,
Que tal seres felizes, portas abertas
Que tal conversas cultas como a que temos,
Que tal não temas vulgares?
Copa do mundo?
O mundo é redondo ,não tem copa?
Que tal ?
Olinto A Simões

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Renovação

Amo como quem não te conhece
E amar assim é sempre uma surpresa
Pois refazer-te a cada dia que amanhece
Não é nutrir uma monótona certeza

Contemplo-te como a um mistério
Ao desvendar novamente teus segredos
Ou dissecar tua natureza com critério
E descobrir em ti novos enredos

Amo-te como quem logo vai partir
Ou como viajante , que acaba de chegar.
Pois a mim serás sempre no porvir
Um novo estranho que haverei de amar.

Juliana Corrêa.
"Oficinas de Criação literária.FCC.2006.p13"

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

certidão do caos

Num arfar espásmico de gozo
vi luzir o teu ruflar de crinas
na beleza enfática dos anjos
no espanto estético dos sinos...
Num suplício trágico de último
vi girarem rápidos planetas
derretendo as cento e trinta tintas
que banhavam minha alma acesa.

Altair de Oliveira
" O embebedário Diverso"p29

Poemas Mal_Ditos

Um poeta em seu reino dos céus
tem sempre esse inferno particular;
se cortando na sutileza dos véus
Olha no olho do que há para revelar

Vê claro o que claramente oculta
É o mais escondido dos tesouros.
logo o acusam de estar em surt
ao dançar com a alma dos touros.

Chega de promessas do paraíso
repleto de prazeres artificiais.
Escrevo uma dor ácida e aviso:
sou o menos morto dos mortais!

Vestido com a ousadia nua:
Como flor de lótus nos funerais.
Quero a tinta que a beleza sua
E deitar vivo,aonde a vida jaz.

Júlio Almada
Poemas Mal_Ditos.p68

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Noite do adeus...

Na densa garoa,

lentamente,

você ia sumindo...

Osiris Duarte
Igual a bolhas de sabão...
foram-se as infâncias,
das minhas inocentes crianças.

Tão frágeis e tão breves...

Osiris Duarte

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

minifesto

Nós não somos copistas de letras fósseis
somos aedos urbanos da viva veia
da alma do fazer poético
somos sombras dos vícios e virtudes
do mundano caminhar
as vicissitudes não nos vitimam
trôpegos gauches gaudérios
seguimos assassinando certezas
assim é a sina severa de nossa lida
de condenados a viver entre as tempestades do Hades

terça-feira, 25 de setembro de 2007

O Emudecido

Assistindo o emudecer penoso dos dias,
procurando crer e descrendo de tudo
saio a percorrer o enlêvo do chão
este chão movediço e trêdo;
leio anátemas que vão da pedra ao néctar,
é a humanidade a sangrar páramos
onde a besta jacta a crua passa
levando em bocas vadias
o olhar de cacto peçonhento e rudo.
Rolam crânios de aço
e transformam-se os ideais em armaduras
para o emudecido e incurso vão,
que anuncia em risonho ranger
deste arado caos o hosana do porvir.
-Ó vozes glorifiquem o pesadêlo!
Tullio Stefano
( Ctba-Pr,16/05/05)
P.S Este poema foi o segundo poema que escrevi nesta minha aventura ofídica,foi o título e o espírito da poesia inspirados no poema Aos Emudecidos (An die Verstummend)de Georg Trakl,
que tanto me marcou o inicio de minha navegação no tempestivo oceano da poética.

Grande Abraço

Bucólica foto,bucólica paisagem,bucólico poeta,
Bucólico o mundo que em foto,bucólico se torna,
Poeta vê a beleza porque o bucólico não o afeta,
Bucólica paisagem,ao coração do poeta,adorna.

Dedicado a você que é meu bucólico amigo,
Que como Pastor, cuida do bucólico poema,
Pois a bela poesia faz boa morada contigo,
Oferece a teus amigos tua presença serena.

Olinto A Simões
23/09/07

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Que sei eu do sonho teu
só sou um ateu
não creio no paraíso
do seu só sorriso.
Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Epifania

deus criou o mundo em seis dias
no sétimo,
o homem criou deus.
talvez ele exista
a qualquer momento, nesse agora
talvez,adeus,
morra nossa única morte.
Rodrigo madeira
Sol sem pálpebras.p24

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Pisca o semáforo
e os carros
esperam a senhora
pomba passar.
Passos de
barquinho em leve
ondular.
Atravessa na faixa!
Deixa sonhar;
é criança a poesia
Um breve piscar
fugitivo do asfalto
-É um assalto!
e voam penas para todo lado
contudo ou nada
ela conseguiu voar!
Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Tártaro

Pobres poemas meus!
Mal nascem,eu,pequeno deus,
Os condeno a gaveta escura.
Também Urano sem brandura,
Aprisionava seus filhos titãs
Privando-os da luz da manhã,
numa gruta sob a Terra,
temeroso de que lhe fizessem guerra.
Uma esperança infantil
De que entre as odes mil
Uma conquiste o povo me embala,
e os homens todos venham a amá-la.
E a canção,como Zeus tonante,
Lance o poeta delirante
num esquecimento bàrbaro;
o exile eternamente no Tártaro.
Navide
Oficina Literária Alto da Glória-Gk-2006

Hera

O velho muro cobre-se de hera
lembra castelo,principe,quimera.
variando de cores o amor-perfeito,
disfarça e zomba do amor desfeito.
Na treliça há cachos de glicínia,
abraça,se enrosca ,quando caminha.
pende fceiro o brinco-de -princeza,
explode em paixão a sensual beleza.
suave perfume o jasmim exala,
e inunda de saudade minha sala,
evapora-se na escuridão da hora.
...e meu amor que já se foi embora...
É Primavera.
Nelly Mehl
Oficina Literária Alto da Glória-GK-2006

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

espelho...espelho teu

Te enxergo em contraluz,nua,lindamente...
...que ao espelho te ajeitas,demordamente.
Vejo,em corpo inteiro,teu frontal refletido,
teus ombros,traseiro e pernas,com libido.

Esse teu natural...linhas nada angulosas;
suaves harmônicas...mil curvas...as tuas.
Teus cabelos(sinuosas e infinitas ruas);
tuas mãos,quentes,úmidas ...sequiosas.

Imagens ,que você e teu espelho me deram.
Inesquecíveis...de frente,de lado,de costa.
Pouco importa,o que os anos te fizeram,
pois é bem assim,que este teu homem te gosta.
Osíris Duarte

sábado, 4 de agosto de 2007

Poema com Neve,flores e Latidos

I
Os cabelos em neve
os seios sem polpa
O sexo sem pólen
Sai para admirar
A primavera
Chuva de ouro
O ipê festeja sua visita
E estende a seus pés
O tapete amarelo
Que confeccionou especialmente
para ela
(outros sonham com tapetes
vermelhos)
E nem se ressente se o cãozinho
mija em seu tronco

II
Não se sabe quem
Leva quem para passear
Quem cuida de quem
A velhinha acredita
Que seja ela
O cão abana o rabo
E ladra contente
Deve haver também
Um céu para as árvores e os cães.
Edivan Pereira da Silva

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Consigo consigo
sigo cego de ti
preciso do teu
precioso sorriso
do teu siso.
Só sou um cisco
corro na cólera do vento
à procura do tempo
sem tempo para acumular
o pó fumegante das picolas
picuinhas.
Wilson R Nogueira

sexta-feira, 20 de julho de 2007

O Meteoro

Por entre as grades do edificio penitenciàrio
uma laranja
passa como um raio
e vai cair no vaso
como uma pedra
E o prisioneiro
todo sujo de merda
resplandece
todo iluminado de alegria
Ela não me esqueceu
Continua pensando em mim.
Jacques Prevert
Trad :Silvano Santiago

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Metapoema

Se meu verso não tem jeito
de soneto ou de epopéia
se não é perfeito
com certeza tem um rito
não causa cefaléia
ou faniquito
é o encontro sublime
da fé e da quimera
Se a rima é disforme
o que não é nenhum crime
e não tem batalhas de outra era
com certeza é ditoso
traz a letra do corpo
sem ser incestuoso
Em cada fonema
o canto do melro
o vôo da borboleta indefesa
-a essência do ecossistema-
Transcende com certeza
a consciência do leitor mais austero
18.06.07
Andréa Motta

miscelânea

Entranhas em trabalho de parto
estranho ambiente inteiro.
Nada de metade,
de meio,só o caminho.
Simbiose
Seiva viscosa em visceras.
vôo,vascilo.
Vida.
Deisi Perin

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Busca

Estou caindo no abismo;
Como quem procura água no deserto.

Busco letra-a-letra,a palavra,
Que retire esse cansaço insustentável,
Das verdades mil vezes ditas,
à ouvidos moucos.
Cansaço real,da irrealidade alheia.
Procuro a palavra
Que impeça esta vontade de voltar
À caverna silenciosa,
Onde só habitam as vozes,
Dos meus poetas mortos.
Joselaine Mota