quarta-feira, 29 de setembro de 2010

domingo, 26 de setembro de 2010

Diálogo com o meu eu


“Quem olha para dentro de si, sonha.

Quem olha para fora, pratica”.



Todo começo de ano é esperançoso. Promessas de fazer algo diferente, de mudar a rotina e de até fazer algo pelo outro, ou seja, ser caridoso. E aí começa a confusão de conceitos. Primeiro, porque colocamos nossas esperanças em coisas ou objetos. Segundo fazemos sempre as mesmas promessas, mesmo sabendo que nunca cumprimos. Terceiro: ser caridoso? Por quê? Que diferença isso faz?

Faria grande diferença se compreendêssemos, exatamente, o real significado dessa palavra, dessa atitude. Atualmente confundimos caridade (ser caridoso) com dar esmola - um dinheirinho aqui para um mendigo, um brinquedo de 1,99 ali para uma criança de rua, para um orfanato. Às vezes os mais “caridosos” doam uma cesta básica e até – olha só!! – uma cesta natalina, com direito a um frango para pessoas necessitadas. E isso é a caridade comunicada, exaustivamente, até pela TV. Abro parênteses (eu não costumo assistir TV, mas enquanto pensava em como começar a escrever para essa coluna cheguei a acompanhar 32 matérias, nos mais diversos programas sobre a caridade que surge por essas épocas). Essa mesma caridade que move as pessoas a esquecerem suas desavenças, pelo menos nessa época do ano, e assim, se “perdoam”; as famílias se reúnem e o espírito consumista do natal deixa o clima mais leve, mais festivo e isso faz transpor lágrimas em muitos olhos.

Mas a palavra CARIDADE anda, digamos, meio aborrecida com esse contrapor de significados e sentidos que a ela é dado. Segundo o Aurélio, o primeiro significado dessa palavra é “o amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem” e, não é por acaso, que esse significado vem antes de benevolência, complacência e filantropia.

E o que é a “busca efetiva do bem de outrem”?

Sendo uma busca efetiva ela não pode ser temporária nem esporádica. Nós humanistas traduzimos essa busca efetiva como “trate os outros como você gostaria que te tratassem”. Isso resume toda nossa movida pela valorização humana. Tudo isso porque não acreditamos que nós, que o Ser Humano em si, seja uma “coisa”, um objeto qualquer que pode ser explorado e descartado a qualquer preço ou a qualquer momento. Não queremos para nós, e com isso não aceitamos para o outro, a violência, a discriminação, o preconceito, a indiferença.

Queremos condições igualitárias para todos. Condições também que nos permita ampliar nossa comunicação, aprender e se desenvolver cada vez mais e, com isso, valorizar as características individuais e coletivas.

Você pode dizer: “isso tudo é utopia”, mas só dirá isso se a frase escrita antes do início desse texto tenha lhe passado despercebida ou sem nenhum sentido. Nós humanistas praticamos nossos sonhos.

2011 poder virar um ano cheio de promessas, inclusive políticas. Antes de criticar as promessas não cumpridas, dos outros, seria bem interessante avaliarmos e praticarmos as nossas.

É isso aí. Que você possa, a começar por este ano, “olhar para fora” de si mesmo. E depois, quem sabe, para fora da sua janela.



Paula Batista

Ser criança é recordar

Não pude deixar de reparar

na conversa que alegrou minha alma

que instigou o sentimento adormecido.

Que pôs a prova o querer de recordar.

Não pude deixar de lembrar,

daquela velha ingazeira, que de maneira faceira,

eu escalava toda tarde, sem me importar.

Daquela bola de gude, dos buracos no chão... do pião.

Da manga verde com sal, de meu irmão.

Meu avô também era sábio.

Era poeta de improviso,

e tinha no rosto um sorriso,

Que eu não sabia dizer,

Se era pela donzela que comprava um pão

Ou pelo dinheiro que ele não abria mão.

Tempo bom era aquele,

De soltar pipa descalço e sem embaraço, qualquer um abraçar.

Se soltar na praça aos gritos.

Voar sem asas, sonhar sem medo, viver sem saber o que esperar... nada talvez.

Eita tempo de pipoca.

De se lambuzar no caju,

e poder encontrar ainda tempo pra estudar.

Esta sim é a arte de amar.

De ser criança e apenas brincar.

Sem querer crescer, sem pensar em contas pagar,

Apenas rir.. chorar, rir de novo, gargalhar.

Brincar e se esconder.

Quem pode saber é quem tem ainda a criança no olhar.

Basta apenas tentar,

Tentar recomeçar a viver,

E perceber que de repente acontece

em você...

Vale a pena recomeçar.

Ser criança é recordar.





Clayton de Jesus Sacramento Gomes. Paraense radicado em Curitiba.

Casado, pai de 04 filhas.  Administração na UFPR.

gomesudv@yahoo.com.br

terça-feira, 21 de setembro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

A viola chora nas cordas de suas corada



Fala de amor, de mulher e da flor


Os salões lotados de belas sambistas,


Rosas espalhadas em cada canto


Desabrocham nas lembranças

Do passo a passo, e do compasso


Dora Dimolitsas

domingo, 12 de setembro de 2010

Joio

vivo na cidade

[grande]

o asfalto me engole toda

[todo dia]

junto, apatia- ignoro

...como vou?...

sou um tsunami de sentimentos

incertos

onde a verdade é só um pano

de fundo

poucas pessoas fazem

parte do meu mundinho

de resto, deleto direto -

papai-noel não existe!



Lúcia Gönczy

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Constelação de Ossos

Meu novo  livro abre a coleção - anáguas - da editora vidráguas que vai publicar contos, novelas e poemas eróticos - mais informações no meu email barbaralia@gmail.com

LAYLA

calçadas molhadas
- uma lâmpada grávida
estremecida de sol
pequeno -
a lembrar
que ainda é verde o trigo.
florirá
amanhã
em sol granulado,
farpas de doçura,
sempre

Bárbara Lia - A Última Chuva/2007

domingo, 5 de setembro de 2010

O Brasil é pequeno, impúbere ou senil
tem a geografia da indigência...


...o furtacor dos shoppings centers; o blábláblá do msn; a grife da copa, a redentora Olimpíada num golpe verde desmatado, e o amarelo diarréia.

Não te enxergas? Brasil! tropeças, atropela, impina o nariz como quem impina a bandeira da derrota.Olha ...voce Brasil

Túllio Stefano

sábado, 4 de setembro de 2010

Nanci Kirinus em sua loja

Lucrando com a nostalgia

Brinquedos e programas de tevê que formam sucesso no passado voltam às prateleiras – dirigidos ao mesmo público que se encantou com eles décadas atrás

Recordar é viver – e ambos são consumir. Poucos sentimentos amolecem tanto o coração do consumidor quanto a nostalgia. As lembranças agradáveis estimulam a procura por produtos que já saíram de linha, e forçam o saudosista a gastar mais para ter de volta em sua prateleira brinquedos, filmes e videogames antigos. Produtores e distribuidores veem a oportunidade para revalorizar marcas abandonadas e voltar a se posicionar no mercado.


O caso da Estrela é ilustrativo. Líder no setor de brinquedos até a metade dos anos 1990, a empresa está relançando “clássicos” como o Ferrorama e as bonecas Chuquinhas, sucessos de venda 20 anos atrás. “As gerações que brincaram com os nossos produtos nos anos 1970 e 1980 já estão estabelecidas no mercado de trabalho e com um bom poder aquisitivo, o que nos dá uma ótima brecha para relançarmos algumas marcas”, afirma Aires Leal Fernandes, diretor de marketing da Estrela.

Próxima“A faixa de idade dos nossos clientes é parecida com a nossa: entre 28 e 40 anos.” Nanci Kirinus, socióloga que vende brinquedos antigos na internet


Na web

Brinquedo raro chega a R$ 1 mil

Há dois anos, o hobby da socióloga Nanci Kirinus, 33 anos, se transformou em fonte de renda alternativa. A curitibana, que mora em São Paulo há 3 anos, tornou-se comerciante informal de brinquedos antigos, pelos quais lucra de R$ 200 a R$ 800 por mês.

“Comecei a frequentar as feiras de antiguidades e comprar brinquedos da minha infância. Inicialmente, iria usá-los para decorar a casa. Juntei a minha coleção à de meu namorado e formamos um acervo grande. Foi então que começamos a comprar e vender”, relata.

Nanci e o namorado criaram o site Kirinilas, que conta também com produtos expostos no Mercado Livre. Atualmente a loja tem 150 itens, cujos preços podem chegar a R$ 1 mil, no caso de brinquedos raros. “A faixa de idade dos nossos clientes é parecida com a nossa: entre 28 e 40 anos”, relata. Ela percebe que os compradores atribuem alto valor emocional aos brinquedos: “Várias pessoas nos escrevem agradecendo, bastante emocionadas, por terem conseguido encontrar o brinquedo que não puderam ter na infância”.

Comportamento

Hábito ou necessidade?

As experiências na infância podem influenciar no comportamento do adulto consumidor, afirma o psicólogo Tonio Luna, coordenador da Comissão Científica do Conselho Regional de Psicologia do Paraná. “A compra de um produto relacionado à infância pode ser apenas um hábito, mas pode também partir de uma necessidade insatisfeita na infância. Neste momento da vida, o jovem pode querer adquirir certos produtos como nunca antes lhe foi possível. Este momento está ligado a uma sensação de poder, e – para o indivíduo – supostamente define uma transição para a idade adulta, apesar de isto ser apenas uma ilusão”, explica.

O psicólogo lembra que o processo de amadurecimento está ligado, também, ao fato de abandonar alguns signos e comportamentos da infância. “Para o adulto, alguns desejos devem ficar apenas em pensamentos. É justamente a criança que não entende ser impossível realizar todos os desejos. No adulto, esta procura deixa de ser saudável quando passa a atrapalhar a vida cotidiana, quando não existe um discernimento sobre as consequências de saciar-se”, expõe.

Entre 1985 e 1990, foram comercializados 6 milhões de Chuquinhas. Em julho, elas voltaram às prateleiras – com o preço médio de R$ 29,90 – esperando repetir o sucesso nas vendas. O Ferrorama, que vendeu 3 milhões de unidades de 1971 a 1994, se tornou a locomotiva a puxar os relançamentos da empresa. Previsto para o início de setembro, com o preço médio de R$ 199,90, ele voltou a ser fabricado após pressão de consumidores, que se organizaram nas mídias sociais e até fizeram um passeio de trenzinho pelo Caminho de Santiago de Compostela. “Os saudosistas nos auxiliam não apenas comprando para si, mas também ensinando os filhos a ter o mesmo prazer que eles tiveram”, relata Fernandes.

A busca pelo público-alvo secundário é consequência de uma mudança na sociedade. “As crianças perdem a inocência cada vez mais cedo. Antes, meninas de 15 anos ainda se divertiam com nossas bonecas. Hoje, o limite de idade com o qual trabalhamos não passa dos 10 anos. Com o mercado primário achatado, temos de investir também no público adulto”, revela Fernandes.

DVDs

A vontade de matar a saudade foi detectada há tempos pelas produtoras de cinema e televisão. Desde o fim dos anos 1990, estúdios e distribuidoras lançam em DVD programas de tevê, filmes e desenhos. Mesmo programas de qualidade artística duvidosa agora recebem um tratamento especial de estojo e embalagem.

A Globo Marcas menosprezou a retração nas vendas de DVDs e anunciou para este mês o lançamento da versão de 1985 da novela Roque Santeiro, um dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira. O box de 16 discos, que custará R$ 250, é uma versão compacta do folhetim que, na íntegra, ocupa mais de 50 discos. A empresa não divulga informações sobre vendagem e faturamento de seus produtos, mas informa que entre os títulos mais vendidos estão programas “de acervo”, como os humorísticos Os Trapalhões e Viva o Gordo e as minisséries Anos Dourados e O Tempo e o Vento.

Ambiente

Os empresários da nostalgia preparam imersões cada vez mais profundas no simulacro do passado. Os curitibanos Luiz Eduardo Lopes, 32 anos, e Eduardo Campagnoli, 33 anos, associaram-se ao arquiteto Fernando Ichikawa, 28 anos, e investiram R$ 200 mil reais para montar a casa noturna Plock. O empreendimento, que recebe nome similar ao de um chiclete já extinto, é definido por seus donos como uma experiência deslocada no tempo. “A nossa proposta é oferecer ao cliente uma viagem por um túnel do tempo, para que possa fazer um resgate de sua juventude e relembrar a melhor fase da vida dele”, afirma Campagnoli.

A ideia para o investimento surgiu a partir de estudos de viabilidade que revelaram uma tendência de consumo por signos culturais já ultrapassados. “Há uma fatia do mercado formada por pessoas entre 30 e 40 anos que costumam frequentar casas noturnas, mas não têm um espaço que simule a época em que eram adolescentes”, visualiza Campagnoli.

A reconstrução conta com música ao vivo baseada nos sucessos dos anos 1980 e 1990 e decoração inspirada em produtos culturais da época. Estes, inclusive, se tornaram um grande motivo de interesse para alguns frequentadores. Os proprietários relatam que recebem propostas dos clientes para que vendam parte da decoração do bar. “Já recebi ofertas de até R$ 3 mil por um dos nossos fliperamas, que compramos por R$ 800 cada. As pessoas dizem que gostariam de ter na sala de casa”, conta o empresário.

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Fonte: Gazeta do Povo. Economia. 22/08/2010
Osny Tavares