domingo, 27 de fevereiro de 2011

Deuses

Ser ou não ser o sacrifício simbólico do corpo.

Retomar o sentido de algo anterior ao mundo eterno.

Relembrar que todos somos partes do mesmo ser

O dia é pouco para celebrar tantos costumes.



Temos maneiras de proteger o ego

que desafiam a compreensão deles

então nos matamos de idolatrar a nós mesmos

em cunhados de alquimia interior.



O sabor do alimento é o paladar de quem o prescreve

Na neve esteve o dissabor dos dias

para quem procurou por um amigo

e encontrou apenas labirintos de livrarias.



Os deuses eram os momentos sublimes para mim

sempre estive só e então me tornei parte do ser

eternidade é pouco para quem perde a razão

que se dissolve num mar de ilusão e pavor.



Tornar-se parte do ser agora é método para nós.

Então sejamos todos deuses por ora,

ao menos a literatura permite.
 
Anderson Carlos Maciel

A poeta com o escritor,dramaturgo e carnavaleiro carioca Olinto Simões

A poete paranaense Deise Perin

Moacyr Scliar

Porto Alegre, 23 de Março de 1937-27 de Fevereiro de 2011

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Reflexão






Há certas almas

como as borboletas,

cuja fragilidade de asas

não resiste ao mais leve contato,

que deixam ficar pedaços

pelos dedos que as tocam.





Em seu vôo de ideal,

deslumbram olhos,

atraem as vistas:

perseguem-nas,

alcançam-nas,

detem- nas,

mas, quase sempre,

por saciedade

ou piedade,

libertam-nas outra vez.





Ela, porém, não voam como dantes,

ficam vazias de si mesmas,

cheias de desalento...





Almas e borboletas,

não fosse a tentação das cousas rasas;

- o amor de néctar,

- o néctar do amor,

e pairaríamos nos cimos

seduzindo do alto,

admirando de longe!...









Gilka Machado

(in Sublimação, 1928)

Tanatologia das relações humanas

Para melhor compor


o puzzle

das fantasias

nostálgicas

acerca do futuro,

horas em dedicado

estudo

ao feixe solar

que incide sobre a colcha

ou ao intervalo

entre fusas e semibreves

no minueto

calha sob chuva.



farta

de sua máscara hipócrita,

aguarda

o habeas corpus

que a liberte do mundo real;



[hypnos sussurra

em seus ouvidos

enquanto felinos

festejam a sua volta]



o mundo

ao seu redor

sempre lhe pareceu

um tanto

fora de órbita.





Ricardo Pozzo

Fonte:Pó&Teias

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ainda meu coração

De que me importa um carinho agora,
se é teu carinho que me faz falta...
De que adianta dar um sorriso
se seus olhos não vão admirá-lo...

Não sinto mais meu coração bater,
apenas um frio intenso, uma gelura,
pois o que o mantinha quente era o que eu
sentia por ti. E após muito tempo te reencontro.

É um pássaro que já voa sózinho,
que resolveu mudar de ninho.
Você venceu...tudo acabou.

Eu desisto...de tudo
do nosso amor...de ti,
de nós, da vida.

Carlos Eduardo Giust

Colombe-se

Colombo ! Comoção da minha vida...
meus temores são Valetas cheirando a Podridão...
Migrante!?trajes de Caipira...grandeza e Pobreza...
asfalto e Poeira...igreja e no Bar serveja...
Sem água, mas com muita Inundação...
Arrogância, Escândalos e Mentiras.Tudo é ilusão
a Violência grita...nesse Rincão do paraná...

colombo ! ilusão das nossas vidas
A cidade que poderia ter sido e que Não foi.

Rodrigues Veiga

Canção de Amor

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O que quer calar em mim esse frio
esse bater de dentes cerrados
que me tira um pouco a pouco
de mim o desejo de encontar-me

a água desengonça o sentido do prumo
quando muito a bússola gira rumo a tudo

o mundo o olho embotado busca a fundo
o arco do corpo a anca o beijo
o pêndulo do tempo que esgota o nexo
no sexo da cabeça já alheia e surda

o que quer falar em mim o calor do magma
que me prende pedra e me circunda lava.

William Teca

A Rosa Negra

Sob o manto ardente do crepúsculo,
sedento de estrelas me desperto e
com a noite assim tão perto
me componho,
confuso e infinito como um sonho
ainda te sonhando encontrar
etérea,
nos braços do vento ou
caída,
na mesa de um bar.

Paulo Gatti
Falava com animais e árvores.
Dormia durante o dia,
caminhava durante a noite,
tentava voar de madrugada.
Via ruídos
e escutava imagens
e as alimentava também.

Uma noite,
pulou daquela ponte
e desapareceu para sempre.

Juliana Pretto
Acho que vi um homem queimado.
Não. Vi um homem queimando.

E gritava,
mas não deu para gravar.

O fogo era bem mais bonito que o homem,
mas eu não queria queimar assim.

Ivan Carlos de Souza
Você me oferece
uma tragada
de teu sorriso.
Eu, bêbado,
deixo-o
queimando meu dedo...

Marcelo Knoblauch

Clima

Nu vejo
Nu vais
Nu vem
Nu vinde
Nu vão.

Jorge Barbosa Filho

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

o mar de Maria

Maria que ria

certo dia

mergulhou no mar

mas o mar não existia

era só ela quem via

e de lá nos trazia

histórias de monstros,

bruxas e vilões.

Maria ,que ria ,

nunca mais riu.

Seu olho assustou !

E ficou da cor do fundo,

Do fundo do mar.

Já não era a Maria ...

que ria, ria , ria!

Chamávamos seu nome



Mas só o eco respondia:

Maria ia ia ia ia ia

Maria foi,

Carregada de olhada de mar,

Para algum lugar...

Mas a gente espera, Maria,

Na areia da tua praia fictícia,

Que volte um dia...e...

Ria, ria, ria.

Nanci Kirinus

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Psiquiatra

Dentro de cada um de nós a certeza

da realeza e da pobreza

safadeza

presa fácil da sala de estar.



Temos muito por fazer,

mas ainda tenho tempo pra pensar.

Comigo duas horas e dois deuses.

Apolo e Atena ditam a sabedoria.



A loucura toma os poetas como

a força da psicologia não aconselha

desinibir a consciência

de suas partipações na vigília

nossa de cada dia.



Hoje

pretendo mais que um sorriso

quero ter a certeza do sizo



Amanhã sonho com a liberdade

que está dentro de mim,

aqui nos deuses e na Ìndia,

ainda devastada de toda astrologia

pela ciência.



Queríamos ser intelectuais

então inventamos a proza,

rima sózia serena de Helena

de Tróia.

Heitor foi esquartejado e de seus despojos,

os olhos

dos mortais.

Anderson Carlos Maciel

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Caminhantes nos recortes


de ruas e milênios,

presas construídas de civilização,

solitariamente humanos,

migrantes do sono para o despertar

tão raso

quanto a poça dos calendários

tão fundo

quanto o acenar de uma brisa.



Tullio S.Sartini

Verbo Poetar- Beco dos Poetas

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Preconceito

Responda rápido: meia calça cor da pele.

De quem?

Mário Auvim

Orkut/Msn/Sms

Homeopaticamente estamos morrendo por falta de tato.

Mário Auvim

Deus

Ontem Deus veio falar comigo.

Fora dos seus propósitos e, dos meus, uma tal Joaninha pousou em meu braço.

Mário Auvim.
http://www.nenecopasaúna.wordpress.com/

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

desenho sonhos no petit pave


sonhos perdidos na lembrança.

sonhos confusos

desesperados, de se ter pena

de ser pombo imundo.

sonhos mutilados pelo mundo

desajustado no mosaico da praça.

a criança correu atrás de tudo.

difuso no desenho

a miragem da infância.

Angela Gomes Brochier
corri atrás dos pombos


corri quando criança

hoje, corro da desgraça

da desesperança.

Foto:Ricardo Pozzo
Texto: Angela Gomes Brochier

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

“Dentro da minha flor me escondo”

Baile das harpias

Em árvores carbonizadas

Rindo do fim

Fumaça sangra

Nosso jardim

A alma do éden

Adoentada.

Bárbara Lia
poesia premiada no Prêmio UFES
Fonte: http://chaparaasborboletas.blogspot.com/

sábado, 5 de fevereiro de 2011

fonte:pó&teias
A Voz-Cidade; a voz freqüente, vibrada entre um cochilar sonhador e o recuado despertar; avolumada em calcanhares e saltibancos mudos.A voz cidadina,ecoada do passante que se batizou poeta, quando a visão tirou mordaças; descobriu desenhos nos passos e da fuligem, o ar que ainda respira ditirambos

Túllio Stefano

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

FLORES SÉSSEIS, VIDROS E ÁGUAS: CONSTELAÇÃO DE OSSOS


A BIOGRAFIA DA NOITE




"Constelação de ossos nadando em versos, cantando em prosa algum possível cansaço, digo ‘possível’ porque é notório que os raros escritores verdadeiros não se cansam, a exemplo dos filhos e filhas da mãe das artes – os músicos, sim, os músicos nunca se cansam, nada lhes pode coarctar o intento de entrarem na pauta do dia, na partitura da noite; o melhor, então, é cooptá-los, para com eles tecer nova senda (luminosa), novo tecido social, novos patamares psíquicos" Darlan Cunha

O poeta mineiro Darlan Cunha publicou a - leitura poética - do meu livro Constelação de Ossos. O meu temor ao publicar um livro denso era que ele soterrasse o leitor. Na leitura de alguns percebo que a tristeza transborda poesia e o enredo dramático ganha asas com a prosa poética. Aleluia! O texto do Darlan pode ser lido aqui

Constelação de Ossos está disponível em Curitiba na Livraria do Paço - Paço da Liberdade - Praça Generoso Marques e no site da Livraria Cultura.