quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Verdade ou Mentira

Verdade ou Mentira ?

Hoje eu abri meus olhos
Depois de tanto tempo
Pude ver realmente o que
Estava diante de mim

Tirei as lentes que me cegavam
Em vez de me levarem a enxergar
Eram agradáveis, me faziam tão bem
Lêdo engano...

A imagem é a expressão da verdade
Mas que verdade? A minha? A tua?
O que vejo? O que vês?
Vemos a mesma coisa
Enxergamos coisas diferentes

Chega de moldes, de modelos
Quero liberdade. Olhos livres
Se alguma coisa tapar minha visão
Que seja uma catarata, não uma lente
Que sejam meus olhos os cegos, não cegados.

Tanto tempo cega. Uma semana, um mês, uma vida
Não sei; sei os segundos que voltei a enxergar
Pensei que não houvesse mais solução
Imaginei ficar cega eternamente

Tirei a trave dos meus olhos
Posso tirar o cisco do teu; permita-me
Permita-me entrar no campo de tua visão
Agora o vejo, não o via antes

Nas imagens da minha vida
Passaram muitas dúvidas
Ver ou não ver? Eis a questão
Se eu vir, que seja porque quero
Se não vir, que seja por não querer

Que eu seja minha própria lente
Não alguém que não conheço
Que eu seja minha cegueira
Que eu seja minha visão

Que seja eu, não ele
Meus olhos, não os dele
Verdade ou mentira?
Verdade, meus olhos
Sem lentes, sem máscaras
Verdade apenas.


Huliana Ribeiro dos Santos

.

o Poema e Eu

Sinto o cheiro da chuva
Terra molhada, cheiro suave
Traduz-me um sentimento, sentimento puro
Essa pureza cai-me como uma luva.

Eu tenho um sentimento, suave, cheio de rimas
Amor pra mim, não rima com dor, mas com flor
Meus lírios, minhas rosas, seus perfumes, aromas
Vão e vêm, incendeiam, exalam, cheiro de puras formas
Me fazem voar, ao passado-presente voltar, voltei a rimar

Há tempos abandonei a métrica, as regras, as rimas
Em alguns tempos fui livre pela liberdade dos outros
Amei, vivi pelo que viviam os outros
Sonhei, realizei, falei, pensei o que queriam os outros

Pensava que a métrica fosse minha prisão
Não! Era o mundo, meu mundo exterior
Feito por alheias mãos. Não era o poema a prisão
Triste ilusão...Era meu coração.

Hoje, os sentidos outrora adormecidos acordaram
Ouço meu espírito ditando versos
Vejo o Sol brilhando pra mim
Sinto a doçura dos versos métricos ou não
Sinto o cheiro da tinta há anos esquecido
Toco o papel, fiz dele novamente amigo

Meu sentimento agora é só meu, é teu
Meus versos são meus, são teus
O cheiro da chuva me traz lembranças
Me leva a sonhar novamente

O Perfume das flores se espalha no ar
Do quê me lembro?
Ainda não sei, contarei
Quando voltar a dormir e sonhar...


Huliana Ribeiro dos Santos

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Roupa Suja
(...)
os pés do chefe de família estão vermelhos
mas os sapatos estão bem engraxados
Mais vale dispertar inveja do que piedade.
Jacqes.Prevert
Como canta de noche
la esquirina

al esquirín
que está sobre otra
rama

“esquirín,

si querés que vaya, iré

si querés que vaya, iré;

y a su rama la llama
el esquirín:

Esquirina,

Si querés venir,
vení

Si querés venir,
vení”,

y cuando ella
se va donde él está

el esquirín se va
para otra rama:

así te llamo
yo a ti,

y tú te vas

Así te llamo a ti,

y tú te vas.


Ernesto Cardenal.

Alvo

Um cão descarnado
Adentra o Mojave
Duplica-se
Ao primeiro passo.

Ao segundo passo
Dois cães duplicados
Cada cão se duplica.

Têm apenas uma cabeça
Mas o olhar é do Cérbero
Avançam
Matilha sem freios.

Na areia
Sombras tétricas
Valsam
E a baba transforma
Mojave em pedra.

A matilha baba
Corações caninos
Galopam
Ao som da guitarra
De Satã.

A mulher só
Colhe feliz
A flor do cacto
Antes que a devorem.

- Mil cães descarnados
Babando ódio -

BÁRBARA LIA

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Fugirei para onde
o mundo não tem fronteira,

onde toda nacionalidade festeira
só enterra brasileira
saindo da casa de câmbio
pagarei boa puta
que parta e suporta
de qualquer tamanho mastro
com ou sem bandeira
e serei passista ou pacifista
porque tudo vira nada
vira ouro
e tudo turista adora
beija quem for
com ou sem nome
tudo se fode,
tudo se come
Sempre barraco alaga
Sempre terra treme
tão sempre firme.

Vou ser pacifista no Rio de Janeiro
"Passifista" de Escola de Samba.

Carlos Sousa.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

no verão
em jarros de Barro
Moldados a raios de tempestade,
moedas de sol esperam colhe-las
nas bases do arco-íris.

Carlos Sousa

Mudança no Calendário, Algo Muda ?

Nos defrontamos com mais uma ridícula intervenção militar, e
lamentamos num coliseu de 14, ou 30 polegadas,
confortáveis em nossa vã segurança burguesa, de que não somos
os que acendem o rastilho!

(ahhh, baudrillard)


e dá-lhe lexotan com fluoxetina! para o rapaz e para a menina!

que a faça mais esperta, para que não se enrede na coberta de
outra (nada genial) cretina!

Ricardo Alejandro Pozzo

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Un personaje de Shakespeare?
Un personaje de la película "Les Libertines"?
Un dibujo?

Je suis le saint
Je suis le savant
Je suis le piéton de la grand´route

A. Rimbaud


A Insustentável Leveza do Ser...
Capitão do Navio de Cristal...
Cybersattwa!!!


"oh, noite, por terrivel que sejas,
no plástico preto
com que asfixias tudo
há furos de estrelas!"


Rodrigo Madeira

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Querido Amigo Olinto Perdido no Tempo

Estou aqui para "esclarear" (esclarecer + clarear) sua confusão temporal.
Não posso informar se o ano realmente começou em 46 aC, pelo simples fato de na época eu não saber ler nem escrever.
Portanto não sabia o que se passava, como agora, que tenho plena certeza.
A resposta é deveras (ou deveria ser) simples!
Vamos passar para onde? Você pergunta.
A resposta é: para adiante.!
Quando? Agora!
Em que tempo? Num tempo maluco, conturbado e amplamente civilizado!
Quer saber em que tempo vivemos?
Felizmente num mesmo período, assim podemos nos encontrar, escrever e discutir grandiosas questões de importância absurdamente imprescindível.

Ahhh, Mais uma coisa, o tempo não passa. Nós passamos!

Deisi Perin

Coerência das Incoerências II

30 de dezembro de 2008.

A proximidade do final de ano, me fez repensar um monte de coisas. Não daquelas coisas que os comuns pensam, 'O Que Mudar No Ano Novo'; promessas mais comprometedoras, 'Ano Novo, Vida Nova'; como se isso fosse possível, e outras ainda tão mais absurdas, que me reservo o direto de nem perder tempo com elas.

Minha consciência, me apresentava situações esdrúxulas de comportamento humano durante toda a história da humanidade. E flagrado na conduta, mas flagrando as estapafúrdias condições vivenciadas nos meus 63 anos, afundei meus pensamentos nas incoerências.

Em dois dias, será na complexidade do tempo, algo que foi nominado como 'Ano Novo'. Cabem aqui, no entanto, algumas perguntas:

- Mas que raio de ano novo é esse?

- Alguém pode me dizer quando foi que o tempo começou?

- E se começou, quem estava lá, atemporal para registrar o começo?

Poderia formular um sem número de outras questões, dentro do tema, contudo, como quero me estender, fico por enquanto com essas.

Avaliando o tal do tempo passado, isso contado em anos, cheguei as seguintes conclusões, e quem quiser que me siga, ou grite, 'Pára O Carrossel Das Ilusões, Porque Eu Quero Descer'.

2008. Será?

Vivemos uma contagem de tempo, a partir de um 'Calendário' chamado 'Gregoriano', criado no ano de 1582, pelo papa Gregório XIII, que como não podia deixar de ser, era um papa católico - (Há, há, há) – e passava a ter para completar um ano, 12 meses, incluindo dois meses ao calendário original.

Contudo, se esse calendário foi criado naquele ano, e era 1582, esse tempo foi contando a partir de qual calendário original?

- Fácil essa resposta:

- Vigia até então, o 'Calendário Juliano', criado pelo 'Imperador Romano Julius Cesare", 46 anos antes do nascimento de Jesus. Tal calendário marcava a duração de 'Um Ano' com apenas 10 meses, tanto que, 'Dez-embro' quer dizer, etimologicamente, '10º Do Ano', e atualmente, tem o número 12; como 'Nov-Embro' o 9º, tem o número 11, e assim por diante em ordem regressiva até 'Set-Embro', o 7º, que tem o número 9; tudo isso, numa época contada ainda por outro calendário.

Ora sendo o 'Calendário Juliano', o ponto de partida, o atual mês de Dezembro, não é dezembro, novembro não é novembro etc., e..., tal.

Só nessa resposta já foram relatados, 3 calendários e para não me estender muito deixei de citar o calendário anterior ao 'Calendário Romano', porque senão precisaria me ater ao início da contagem do tempo com a criação dos primeiros relógios, e ao invés de uma crônica, só esse tema, 'Os Primeiros Marcadores Do Tempo' se transformaria num livro.

Entretanto, vejamos como estamos atualmente em termos de tempo.

Partindo de 1582, temos decorrido até o atual 2008, 426 anos. Afinal, estamos em 2008, passando para 2009 ou estamos no ano 426 passando para 427?

Escolha você, amigo(a) leitor(a) em que ano quer estar.

Noutra questão surge a dúvida. Se o ano de 1582, era contado partindo do calendário anterior, que datava de 46 A. C., em que ano estamos, levando em consideração que aquele calendário continha apenas 10 meses?

- Essa resposta também é fácil, um pouco complicada para entendimento, mas, fácil de calcular:

- De 1582 até 2008 transcorreram-se como já visto, 426 anos, porém, se o calendário de então que tinha 10 meses fosse o correto, para empatar com o atual de 12 meses; a cada 6 anos precisamos debitar mais um, e creditar ao resultado encontrado, pois, a diferença era de 2 meses por ano. Assim, os 426 anos, passam a ser..., 497 anos. Logo, ao invés de 2008, estaríamos no ano de 2079.

Contudo, se o calendário certo for o atual, a conta é diferente. Deve-se tomar o ano de partida, 46 A. C., verificar quantos períodos de 12 meses, se incluem nos transcorridos anos e dividi-lo pelo prazo de 12 meses para achar a data real (?) atual. Encontraremos dessa maneira o total de 316 períodos de 5 anos para acrescentar 2 meses a cada um sendo que sobram em complementação, 2 anos em decorrência. Esses períodos geram um total de 632 meses de diferença a serem acrescentados, e isso dá 52 anos a mais, sobrando à complementação, 8 meses em decorrência. Logicamente, estaríamos no ano de 1958, mais ou menos em agosto. Será ?

Escolha você, amigo(a) leitor(a) em que ano quer estar.

Por outro lado, voltemos nossa atenção para a simples passagem de ano, que se dará na próxima quarta-feira, dia 31 de dezembro.

Seria bem lógico, se o dia seguinte, (1º de janeiro), fosse Domingo. Toda semana começa num domingo e termina num sábado. Claro que sendo primeiro dia do ano deveria começar com o primeiro dia da semana, afinal, o ano é medido em períodos de sete dias e tem o total de 52 semanas, deixando de constar um dia, que seria o último, ou o primeiro do ano. E qual seria esse dia?

Entretanto, segue cronologia que seria lógica, de quarta passa para quinta-feira, que embora sendo a primeira semana do ano, não começa no domingo.

Se Dezembro não é dezembro, assim, janeiro também não é janeiro, nada demais que o primeiro dia também não seja domingo.

Se o ano não começa em janeiro; se não termina em dezembro; se a última semana do ano, não acaba num sábado; se a primeira semana do ano não começa no domingo, em que raio de tempo referencial..., vivemos?

É. Quando dizem que vamos passar de ano, as pessoas comuns começam a imaginar coisas, justamente aquelas coisas comuns..., 'O Que Mudar No Ano Novo'; e ainda, promessas mais comprometedoras, 'Ano Novo, Vida Nova'; como se isso fosse possível...,

Vamos passar para onde?

Quando?

Em que tempo?

Quem souber a resposta que me a dê.

Eu me declaro perdido no tempo, como um ponteiro de segundos que se soltou e caiu junto ao vidro do mostrador dum relógio. Os grandes apontadores, presos ao eixo que imaginariamente os mantém concêntrico, seguem marcando os tempos maiores, minutos e horas, mas aquele que os informa das frações passadas, está inerte. Permanece na base, solto, junto à transparência do vidro, mas, é como se revoltado..., se tivesse soltado e apreciasse o absurdo espetáculo do universo minimalizado..., das incontáveis voltas e mais voltas dadas pelos outros ponteiros, sem saírem do lugar.

E ainda dizem ..., que o tempo passa.

Olinto Simões

Lembrete a um Moribundo

Se você quer pensar na dor de morrer, lembra do teu corpo.
O corpo é que completa a morte.
Só no mundo ele foge do vazio,
do próprio corpo.

Mas se é pela vida que você teme, lembra dos teus sentimentos.
Os sentimentos não completam nada.

A morte esvazia. A vida não engana.
Os sentimentos não cabem em poemas.

Nils Skare

Globalizado

Me veio de Nova Iorque
uma pulseira made in China
apelando para a paz no Oriente Médio
num bar de Curitiba me perguntaram
ao vê-la no meu pulso
-Cê simpatiza cas FARC ?

Carlos Sousa
Ventre na pálpebra
para ver a gente
verá?

Carlos Sousa

A Memória

Como desanimo e desestimulo
o é quando apaga-se
como os silêncios doloridos
em bares crepusculares abrindo
as portas da noite.

Carlos Sousa

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Haicais da Chuva

de repente venta
prá casa ... rápido ... rápido
logo vem a chuva

-9-
nuvens carregadas
terceira hora da tarde
choverá bem forte

-22-
vem daqui há pouco
uma breve chuvarada
equatorial

-41-
a chuva contínua
um quase adormecer
domingueira tarde

-49-
na tarde chuvosa
o balanço e a gangorra
molhados e sós

-59-
na chuva ... lá fora
ao abandono ... deixado
um pé de botina




Osíris Duarte