A noite inteira
o mar bateu nos diques do meu coração.
Marinheiros bêbados,
prostitutas de olheiras antiquíssimas,
vagabundos, junkies, velhos nostálgicos
– vieram olhar com espanto
as ondas que se arremessavam loucas
no meu peito.
(Senti saudades do tempo em que fui peixe
e não havia guerras, fomes nem cartões magnéticos...)
Sim,
a noite inteira
o mar chorou embriagado, destroçando tudo:
pontes, prédios, pergaminhos, prolegômenos
e
um
olhar
– de quem, meu Deus, já não me lembro.
A noite inteira...
Pela manhã foram me encontrar na praia,
coberto de algas.
Otto Leopoldo Winck
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