sexta-feira, 18 de julho de 2014

Amor a dentadas

Contigo já nem sei mais começar.
Atropelados todos os meios
Desisti de ser inteiro.
Me mordo em sonho quase sempre:
Destroncando o curso na montanha
Do que era rio e hoje é veio.
Só bebo dessa sede que em mim
Com fogo congelas:
Por ter os lábios e a língua feitos
Pela metade e perdidos estarem
Na polpa de tua pele como sementes.
É dia de arrancar unhas curtas
E arrastar o barulho das luas:
Para difamar o amor que me engana
E mostrar que corte de pedra não é
Dor. É só uma carícia de quem carece
De outras suavidades.

Julio Urrutiaga Almada 
do Livro Poemas Mal_Ditos

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