Teu nome poderia ser Suzana
se não houvesse tantas
neuzas, solanges, beatrizes
santas
ou não-santas.
Teu nome poderia ser Silêncio,
se não doesse tanto.
Mas dói e no entanto eu canto e rimo
sono,
sino,
carne.
E rimos sem querer,
porque o instante existe e a canção é tudo e derramamos
vinho no tapete.
Teu nome poderia não ser nada,
uma palavra que o vento esqueceu
de madrugada,
em algum velho banco de praça,
velho canto de bar
(lugar-comum, não é?).
Espelho, por que me olhas com meus olhos?
Infiel! Enquanto eu viro, tu me trais e envelheces.
Teu nome poderia ser... sei lá!
Ser, simplesmente ser.
Mas dói
e é triste acordar todos os dias
com a saudade de não-sei-o-quê.
(Olha, enquanto falávamos
a porta bateu com o vento
e o tempo passou
e passamos também.)
Teu nome poderia ser Saudade
porque este sol morreu
e em seu lugar
o luar não veio
e ficou em meus dedos somente
a leve sugestão de um seio.
Porém,
perdido vou me refazendo no caminho
e buscando aflito
a sina,
o sinal,
e o sentido
do teu nome.
Otto Leopoldo Winck
(Do "Flor de barro".)
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