quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Canto mudo

Com açúcar.
Mas,
Sem palavras.
Foi a última partitura rasgada.
As notas soltas,
Descompensadas,
Ignoram com passos quebrados
O equilibrado ritmo.
Nenhum harpejo.
Nada.
Nenhum solfejo.

Apenas, um grito desfigurado no asfalto.
Um beija-flor devorado por um gato.
O mimetismo de um lagarto.
O útero crepuscular do tempo
Enchendo-se de estrelas
Num canto mudo.

Angela Gomes

Nenhum comentário: