domingo, 19 de maio de 2013

Senhor, mais um dia a viver como praça.




Fundada já não se sabe quando,
transeunte de tardes eternas,
com árvores ressentidas de pássaros
e pássaros como velhos
no coração das crianças.
Ferro descascado que declina infância,
adiante, o seco chafariz,
raia dos alagados.
A água que não cresceu,
a água que não desce,
no seio, o leite das mães,
nas mães, o desvario,
a boca da fome, um alento, meu deus,
para cada quinhão de selva domesticada,
da não exortada grama
para a liberdade dos cães,
o arroubo de cem mil pombas
na fração de apenas um sino -
esta oração de impensado poema
durando no esquecimento.

Roberta Tostes Daniel

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