segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ela parecida com nós.


De Mara Paulina Arruda

Ela lixava as unhas no sofá. Um livro de Jane Austen no seu colo. Afastou o livro, levantou-se e foi abrir a janela. Folhas vieram parar nos seus cabelos. Vento frio. O rosto pregueado pelo tempo.
Caminhou até a estante onde estava o radio. Apertou o botão e uma música fez com que ela balançasse o corpo numa dancinha cantada por uma menina norte-americana. A voz da cantora destoava das fotos vistas por ela na internet: um mulherão com cara e voz de menina. As construções midiáticas! Disse isso e parou de dançar indo até a cozinha preparar o café.
A previsão era: um dia cheio pela frente. Seguiu pensando nisso enquanto arrumava a mesa, nas construções do perfil do gênero, um dia chamado de frágil. Sentou-se à mesa. Serviu uma xícara de café para si mesma que ali mais ninguém havia.
Da cadeira avistou uma réplica da Torre Eiffel e o quadro que precisava ser trocado. E nem saberia dizer por que veio parar na mesa do café um problema que surge de vez enquanto: a manutenção rotineira da casa; as dificuldades em lidar com furadeiras, martelos e chaves de fenda! E um amigo seu, não faz muito tempo disse que ela precisava era arrumar um homem para resolver as pequenas coisas na casa e, dizer-se seu! Ora, vejam vocês o disparate do comentário. Quase que Ela perdeu a calma! Bom, mas o fato que nos interessa aqui é que Ela aprendeu a fazer a manutenção de sua casa ao seu modo, sem depender, sem obrigar um homem, seja qual for, marido, namorado ou amigo. Um dia, no supermercado descobriu o durepoxi! Que grande descoberta! Comparada, em suas devidas proporções, obviamente, a descoberta para Ela foi a da luz! Exagero? Não não!! Ela descobriu um jeito de surpreender sua avó... Olha, aqui entre nós, essa personagem merece ou não merece admiração?

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