quarta-feira, 8 de outubro de 2014

De Mara Paulina Arruda

Madame Hesmerinda estava sentada numa cadeira reclinável. Espichada ao sol com o braço esquerdo dobrado no alto da cabeça, a mão segurava um cigarro. Havia uma “carrada” de coisas para fazer mas via, naquele momento, o sol chegando nos brotos do pessegueiro. E, também as crianças passavam, numa algazarra sem tamanho, na rua.
Madame Hesmerinda foi chamada para assinar o recebimento de uma encomenda. Jogou o cigarro no chão, amassou-o com a ponta do sapato. Caminhou até o portão. O entregador de encomendas. Boa tarde. Boa tarde. (Voltou-se à memória de um dia em que recebeu um buquê de flores) Ouve a troca: a encomenda pela assinatura. A mão pesada, o nome sulcado nas tramas do papel. Até logo. Até logo.
Os pássaros planavam no céu azul.

Ela rasgou o pacote com certo cuidado, lembrando-se que havia avisado umas par de vez, não queria ver a despedida de ninguém.

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