...ultra polarizado, "o país" se divide entre
"quem é" e "quem não é", seja comunista, fascista,
pacifista, de esquerda, de direita, socialista, neutro, contra, a favor, em
cima do muro,gay, homofóbico, sindicalista, vilão, mocinho, honesto, corrupto,
querido, amaldiçoado, canalha, pelego, desempregado, etc...
..."o público" e "o privado" não se
dividem entre o "civil" e o "militar", uma vez que, ambos,
associados ou separados, unificam-se na composição do "Estado", que
também possui suas divisões conceituais - no nosso caso, somos uma "República
Federativa", sem parlamentarismo e com mais ministros do que ministérios
(algumas secretarias tem caráter de ministeriável e, até igrejas também chamam
de ministro seus pastores)
...a charada, que podemos atribuir conceitualmente tanto à
Kant quanto à Wittgenstein, impõe suas alternativas lógicas a favor do
negativismo, quando "a nação" que institui "o Estado" é
dividida pelo vetor ideológico simplista em 3 espaços adjacentes, nem sempre
radicalmente excludentes (caso dos poderes executivos, judiciários e
legislativos)...
...nem sempre consecutivos, embora se proponham
colaborativos, esses 3 poderes interagem em questões comuns da "vida
pública" que afetem a "vida privada".
...dois desses "poderes" possuem suas subdivisões
(o Legislativo tem duas casas e o Judiciário, instâncias hierárquicas definidas
no "status" de Tribunais, havendo até um Tribunal exclusivo para
casos fora da esfera "civil"), e o Executivo, com a hierarquia do
Vice, apesar de sua "unidade vocativa", requer observação rígida
sobre seus atos, é passível de interpelação pelos outros poderes que o
sustentam à luz e orientação dos artigos constitucionais...
...a charada torna-se complexa e inexpugnável quando os
poderes concentrados no "Estado" não se complementam em relação às
demandas oferecidas pelas questões "públicas" nem se suplementam na
ordenação, disciplinar ou regulatória, das questões "privadas"; sendo
que, em ambos os casos, os posicionamentos autoritários, nem sempre passíveis
de serem carimbados com o selo de "ditadura", não beneficiam nem
resolvem as questões que são próprios ao funcionamento de uma sociedade livre e
acabam por gerar conflitos com consequências imprevisíveis, sendo que as mais
prováveis são a ruptura harmônica do bem-estar social, separando "o estado"
da "Nação", e a indiferenciação do "Estado" e do
"País", cujos resultados são o "caos institucional" e a
precipitação de medidas de exceção que podem ser "revolucionárias" ou
"reformistas"...
...ao cidadão, seja ele chamado de "comum" ou não
(teoricamente, todos o são ou deveriam ser), as charadas políticas oferecem
insegurança em todos os níveis, quando suas soluções promovem paradoxos, cuja
latência é capaz de provocar paradoxos, como o que estamos a vivenciar, tanto
no Brasil quanto no resto do mundo: a eclosão de um anarquismo de extrema-direita!
...a intromissão da pandemia do Corona Virus nos estatutos
consuetudinários da civilização veio a desestabilizar o conjunto, não só no
território dedicado às políticas públicas; como também, nos ambientes
domésticos da vida privada.
...cada "país", de acordo com o modus operandi de
seu "Estado", tem oferecido o suporte que lhe é possível à
"Nação"; assim como cada "Nação", tem demandado à seus
"Estados", atenção e medidas públicas que mantenham "o
País" controlado, diante dos desafios que um "gene virótico"
invisível e impiedoso.
...voltamos à charada inicial, instalamos seu "é o não
é?" (uma variação "axiológica" do hamletiano "to be or not
to be") no perímetro do "país" chamado de Brasil e observamos
que, em seu potencial ideológico, a "Nação" que hospeda, de forma
inequivocamente democrática, o "Estado" que a governa, ao invés de
estar sendo exposta a uma solução, tem que lidar com um paradoxo excessivamente
complexo para sua capacidade de compreender a questão e, com método e
participação voluntária, colaborar para uma resposta eficaz do problema ...
fora o fato de que o modelo "nacional" oferecido, discorda e vai n
contramão de todas as orientações "internacionais", oferecidas por um
organismo suprapartidário que, imagina-se, formado por pessoas com excelente
nível técnico.
...nossa charada, não é de hoje, tem se tornado um paradoxo
que desafia tanto à ciência quanto à religião:
- quanto à polaridade, você é alguma coisa, desde que
identifica que outra pessoa seja outra, o que inverte o sentido
"ético" da oferta, posto que você depende que o "outro"
seja alguma coisa que você "não é, para você ser o que "é"..
...o resultado desta posição narcisista é que você não
oferece ao "outro" a escolha de aceitá-lo como você "é";
mas insere uma identidade negativa no "outro" para tornar afirmativa
a sua própria identidade - o que, mais cedo ou mais tarde, comprometerá sua
saúde mental de modo tão irreversível que nem a tríplice ferramenta
"moral" da "culpa-arrependimento-perdão" que norteia a
justiça...
...o paradoxo político deste anárquico jogo, em que
"escravos de Jó não jogam mais caxangá", mas um
"pique-esconde", em que todos se escondem ao procurarem qualquer um,
possui uma equação matemática que demanda conhecimentos de álgebra linear
(tabuada aritmética não consegue fechar a conta) e profundo conhecimento de
algoritmos trigonométricos:
- aqui "quem é" e "quem não é", seja o
que for ou deva ser, tem como regra pétrea o trato coletivo de que os "que
são o que são" ou acreditam ser, dependem dos que "não são"
continuarem a "ser o que "são" ... ou seja, você só "é quem
você é" se existirem outros que "não sejam como você é" e a sua
vontade deve permanecer num nível superior e inquestionável, cada vez que você
proceder a identificação do "outro".
...tudo isso fica cada vez mais impraticável quando você
perceber que você identifica que "você é" alguém (que tem outro nome,
outra vida e outros afazeres que não são para o seu bico) que outra pessoa
"não é" e que existam outras pessoas que "são" como você
"é" - não para espantar a solidão, mas para saber que as pessoas que
"são" como você acredita que "é", são outras pessoas, que
"devem ser" diferentes daquelas que você determinou que não
"são" e, para fechar a "prova dos nove", também devem
acreditar que "são coo você" quando identificam outras pessoas que
"não são"
...era uma vez, um "país" em que o verbo SER foi
tirado da língua que a "nação" inteira falava ... um "país"
em que ninguém escolhia quem seria o presidente, enquanto chefe do
"Estado".
...neste "país" imaginário e tão distópico como
uma utopia sem metafísica e sem dialética, a "nação" escolhia o
"Estado" que o presidente deveria governar.
...há quem diga que este "país" era democrático e
quem dissesse que, apesar disto, a "nação" não era...
...até hoje, não se sabe se, durante as eleições deste
"país", ao darem seu voto, os eleitores continuavam a ter propriedade
sobre ele
...como diria William Shakespeare, na primeira fala da peça
"A Noite dos Reis", cujo título original em inglês era "Twelfth
Night, Or What You Will" e ainda precisa de uma melhor tradução Thereza
Rocque da Motta e Antonio Thadeu Wojciechowski (copiada por Francelino Pereira
e Renato Russo) e onde tudo que era poderia não ser:
"– Que país é esse?"
Nenhum comentário:
Postar um comentário