quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Tábula




Falo,
minha arte
comunica

Não quero preencher teus olhos
com místicas magas
mitológicas sereias
belas fadas

Nem quero
formular ritos
de um mosto mortal

Dito o escrito
em lama de vulcão
magma sonoro
terra candente
tal o turbilhão de águas primordiais
que anteviu a geração de tudo pela palavra

Venho romper teus tímpanos
vazar teu solo
encontrar o irrequieto centro
de teu desejo
convocar-te à paz nenhuma

Esta lábia
pronuncitada
baboseiras não baba

Pousa bálsamo versado
de um doce nardo

É verbo retado
transgressor de meus acomodados:
– ah! isso não tem jeito,
é sempre assim mesmo!

Eis meu dote
que dôo com graça

Sou nomeado favo monteiro
rico protetor e guerreiro
noviluminário do oeste

E antes que torne a mim:

– Aleijado, até aqui, não rasteje!


 Fabio Freire             


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