quarta-feira, 18 de março de 2020

AMOR ADENTRO




Adentro teu corpo
como quem adentra o mar
e, mar adentro, adentra a noite:
lemes, velhas cartas de navegação, astrolábios
são inúteis para me guiar. Não sei se descobrirei Américas, Atlântidas
ou se me afogarei. Sei apenas que o mar
tem gosto de lágrimas
e o amor é salgado.

Adentro teu ser
como quem adentra o mar à noite
e, mar adentro, noite adentro, adentra o mistério dos seres,
sem âncoras, sem bússolas, sem nenhuma orientação.
Não sei se ouvirei sereias, preso ao mastro como Ulisses,
ou se serei arrebatado como Elias.
Sei apenas que é tarde,
muito tarde,
e que todo amor é amargo.

Otto Leopoldo Winck

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