segunda-feira, 16 de junho de 2008

Não perdi nem pude competir
Não caí, nem pude estar de pé.

Admirável Mundo Negro:
Me dá carona quem vem de lá,
Pois nem direito de descansar
Meu Pai paece querer me dar.

Por favor, imploro, acaba logo com meu anseio!
Não Tenho mais nem esse direito ?

Mas se não queres, Pai, cumprir meu desejo
Ao menos dá-me coragem para fazê-lo;

Deixa-me sujar as mãos com meu próprio sangue venoso;
Mas deixa-me sangrar sózinho
Para ninguém correr o risco
de se contaminar.

E então, após o dito estar feito
Encosta Tua cabeça em Teu leito
Sem sentir o menor peso;
Mas antes, guarda a louça do jantar,
Bata a toalha e apaga a luz da varanda.

Interrompa por um instante seu eterno sono e seu inconsciente gracejo
E diz adeus para seu leigo,
Que nasceu, sofreu e não viveu;
Amou intensamente sem ninguèm entender.
Adriano Esturilho
"O Ser Social.2000 "

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