À noite sinto fome
Um impulso visceral de viver
consome a letargia
que me domina durante o dia.
Passa o torpor que me torna capaz
de ouvir o rumor de vida ao
meu redor sem viver
E quero lutar com a morte
que habita em mim.
Meus músculos se manifestam
inchados de energia, tesos de desejo.
A dor física diminui , substituída
por um breve ensaio de prazer
a aquecer meu sangue.
Quero vida. Tenho apetite.
Meu paladar enfarado desabrocha.
O dia traz um fardo de obrigações.
Com o sol, renasce o instinto,
sobre o qual o mundo ferve
em espasmos de desejo insatisfeito
Mas a noite o burburinho cessa
e a angústia dorme nos exauridos
Então, viver tem sabor de escolha
e frescor de novidade.
É quando desperto ávida
pela vida escassa
Iriene Borges
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