sábado, 6 de fevereiro de 2010

ÉPICO

Não me interessa mais cantar o perfume da mulher
Com as pétalas macias das flores das palavras
Nada de cantos de seduções e encantos vãos
Na minha garganta crescem germes e larvas

Um navio chamado Haiti
(que maldade!)
Vem por mares sempre antes navegados
Parece o zepelim da Geni
E nos pegará descuidados

E antes de terminar a fraseâeu te amoâ
Seremos todos levados
Para a prisão de Guantánamo

Alguns partirão antes que aconteça
Em busca das florestas por não ter onde ir
Com um só obsessão na cabeça
Descobrir como se faz Irene rir

Irene é mulher diferente
Traz a morte como alvo
Guardada num comprido pente
Um pente que cospe fogo
Como os mísseis do navio

O Haiti seja aqui
Disse o poeta inocente
Que poetou sem profecia
O Haiti será aqui
Pra marcar nossa agonia
De gente apática,fraca, indolente
Que irá visitar o navio
Deslumbrada e demente

Querendo aprender inglês
Para se entregar de vez
Se temos shopping,internet, celular sofisticado
Multiplex, TV plasma,Tv Globo,
Por que não tudo isso gozar ?
Mas esse gozo não é orgasmo
É pranto, é fome, é espasmo
É ocupação de um país,invasão
Mas nós temos Zeca Pagodinho,
Seu Jorge e Zé Bonitinho
Big Brother ,mulata e carnaval
Gente boa sempre a sorrir
Bem comportada, cordial
Que nem de longe quer ver
E muito menos aprender
Como se faz Irene rir

Tudo começa de novo
A serpente vem no ovo
De um grande peixe no mar
E antes dos nossos românticos
Dizerem pra sua amada âeu te amoâ
Seremos todos levados
Para a prisão de Guantánamo

Assim se cumpre o destino
A sina covarde e inglória
Do Brasil e sua falsa história
Buscando viver pela mídia
Com a vida a se extinguir
E que nunca vai aprender
A libertação,o prazer
De fazer Irene rir

Roberto Menezes

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