Amor é noite que te canto
Mas o que é noite?
É quando afoito treme na
Janela: não ser teu corpo.
Amor já te pensei estrela
Nuvem, roçar de terra
Amo-te muito e pouco
E o que me tem absorto
É olhar-te ao não ver-te
Sendo o dito o pensado
E o sentir o do abandono.
Não queria amor cantar
Nem adeus nem saudade
Nem nada
O entreabrir de tua voz
Aveludada ao beijar-me
É o sonho dessa tarde.
Como sonho, como adianto,
Um relógio que não anda.
Vivo tudo e nada
Esse suar tua falta tenta estancar.
O alarido das nuvens áridas
São flores perfumes só das tuas
Maçãs do rosto e olhares
Naufragar em ti é levitar.
Julio Almada
do Livro Hora Tenaz
Nenhum comentário:
Postar um comentário