segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Canto Inflado

Amor é noite que te canto

Mas o que é noite?

É quando afoito treme na

Janela: não ser teu corpo.





Amor já te pensei estrela

Nuvem, roçar de terra

Amo-te muito e pouco

E o que me tem absorto

É olhar-te ao não ver-te

Sendo o dito o pensado

E o sentir o do abandono.





Não queria amor cantar

Nem adeus nem saudade

Nem nada





O entreabrir de tua voz

Aveludada ao beijar-me

É o sonho dessa tarde.





Como sonho, como adianto,

Um relógio que não anda.

Vivo tudo e nada

Esse suar tua falta tenta estancar.





O alarido das nuvens áridas

São flores perfumes só das tuas

Maçãs do rosto e olhares

Naufragar em ti é levitar.





Julio Almada
do Livro Hora Tenaz

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