sábado, 12 de março de 2011

Escritos de Mário Alvim

Da champagne gritando no teto lá de casa e da criançada correndo atrás da rolha।
- É minha, é minha, é minha!!!!


Mais uma
As janelas do meu coração. Minhas portas – sempre abertas. Meu travesseiro. Os ponteiros do meu único relógio. Minha música... tudo incondicionalmente teu. E só teu. Meu vaga-lume um dia lua cheia. Hoje brasa de cigarro. Cada cantinho da minha alma está fora de mim, perdidos em bancos de praças de cidades que eu nunca visitei. Não foram facadas. Nem tiros, foram palavras e ações que me fizeram acreditar por quase eternos sessenta segundos que eu nunca fui Mario Auvim. Você, sóbria e sombria, traiu e enganou todos os meus sentimentos. E em noites fantasmas me visitavam, mas ontem eu cansei e fizemos um assalto à geladeira.


Meus Amores

Passeio - (mini - conto)
Fim de tarde ameno. Jardim Botânico. Seu Bernardo, 72. Aos primeiros pingos abriu o guarda-chuva e voltou a abraçar Dona Antonia, 70. Jardim Botânico.



Vovó Marta - (mini - conto)

Marta. Vovó de 8. Mamãe de 3. Nas mãos sacolas cheias de mercado. Cansou no meio do aclive. Não continuou. Uma olhadela ali. Outra acolá. Mais um instante. E outro. Tomou ânimo. Foi.



A Mesa da sala de jantar


Afeiçoada em banquetear dias especiais. Nossos dias especiais. Momentos que marcaram meus castanhos olhos e os seus amendoados, ainda povoam de luz minhas lembranças, aquecendo galopantemente meu coração como fogueiras de São João em dias que estou quase Crosue. Lembro-me dos muitos estrogonofes. Copos entornados. Manchas de molho de tomate em toalhas apressada-men-te preparadas para aqueles ternos tempos. Além, é claro, das Risadas. Jogos de cartas. Amigos nossos e parentes seus, que aquela Mesa acolheu com tanta plenitude. Honestidade. E Amores. Muitos Amores.




 Meus Amores
1993


Vida vinda
Vida ida

De ar invernal
De hábito oriental

Ser e estar
Meu bem estar

Vida foi e é
Nunca mais será

Vida tinha nome
Queria teu sobrenome

Vida em letras
Vida em números

Quando tinha 20
Ela 22

Hoje 26
E eu mais ninguém

Vida segue
Segue vida

Vai!
Vai, segue Vida!


*

Vidas que se chegam e que se vão,
sempre deixam um pouco delas
levando um pouco de mim.


Mário Alvim

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