terça-feira, 30 de agosto de 2011
sábado, 27 de agosto de 2011
José Saramago
no fim, acho que morrer é justo
vou parar de respirar
assim que acabar de me matar
meus amigos vão viver pra ver
meu funeral vai ser lindo de morrer!
.
Antonio Thadeu Wojciechowski
vou parar de respirar
assim que acabar de me matar
meus amigos vão viver pra ver
meu funeral vai ser lindo de morrer!
.
Antonio Thadeu Wojciechowski
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
posso querer esquecer, mas se esquece por aí mais facilmente guarda-chuvas que amores. e se esquece infinitamente mais canetas que guarda-chuvas. mas eu não, eu sou o melhor em encontrar canetas para continuar escrevendo sob a chuva. posso querer esquecer, só que escrever é lembrar do futuro.
Luiz Felipe Leprevost
(da série Postais de Espantos)
Luiz Felipe Leprevost
(da série Postais de Espantos)
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Armas
-Qual a mais forte das armas,
A mais firme, a mais certeira?
A lança, a espada, a clavina,
...Ou a funda aventureira?
A pistola? O bacamarte?
A espingarda, ou a flecha?
O canhão que em praça forte
Faz em dez minutos brecha?
-Qual a mais firme das armas?-
O terçado, a fisga, o chuço,
O dardo, a maça, o virote?
A faca, o florete, o laço,
O punhal, ou o chifarote?...
A mais tremenda das armas,
Pior que a durindana,
Atendei, meus bons amigos:
Se apelida: - a língua humana!-
Renata Mele
A mais firme, a mais certeira?
A lança, a espada, a clavina,
...Ou a funda aventureira?
A pistola? O bacamarte?
A espingarda, ou a flecha?
O canhão que em praça forte
Faz em dez minutos brecha?
-Qual a mais firme das armas?-
O terçado, a fisga, o chuço,
O dardo, a maça, o virote?
A faca, o florete, o laço,
O punhal, ou o chifarote?...
A mais tremenda das armas,
Pior que a durindana,
Atendei, meus bons amigos:
Se apelida: - a língua humana!-
Renata Mele
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
domingo, 21 de agosto de 2011
Contraste -
A Pobreza,
Remexe no lixo;
A Riqueza,
...Remexe no Homem;
A Pobreza, A Riqueza
Bicho-Homem.
A Pobreza,
Carência e Fome;
A riqueza,
Demência do Homem.
Julio Urrutiaga Almada, 1982
Remexe no lixo;
A Riqueza,
...Remexe no Homem;
A Pobreza, A Riqueza
Bicho-Homem.
A Pobreza,
Carência e Fome;
A riqueza,
Demência do Homem.
Julio Urrutiaga Almada, 1982
Destino
O imã dilacerou,
O dia já partido.
O cabelo me tocou
Ah, peito ferido.
...Dias e dias, ninguém sabe
O não ser igual de cada dia,
Manhã depois do pesadelo
Almoço às doze, alguém diria,
O sol cortante naquela tarde
E nada é o mesmo.
Nem a lâmina no olhar
Ela é quente, ela é fria,
De adoecer, de encantar,
É pronta, é tardia
É o que vemos
É o que vê
Taquicardia.
Julio Urrutiaga Almada
O dia já partido.
O cabelo me tocou
Ah, peito ferido.
...Dias e dias, ninguém sabe
O não ser igual de cada dia,
Manhã depois do pesadelo
Almoço às doze, alguém diria,
O sol cortante naquela tarde
E nada é o mesmo.
Nem a lâmina no olhar
Ela é quente, ela é fria,
De adoecer, de encantar,
É pronta, é tardia
É o que vemos
É o que vê
Taquicardia.
Julio Urrutiaga Almada
terça-feira, 16 de agosto de 2011
EM CARNE VIVA
Um poeta em carne viva
abriga a terrível pulsação
de um coração-estrela
e um silêncio
encravado nas entranhas
como filho bastardo
que nasce
à revelia do seu canto
Um poeta em carne viva
pisa as pedras
imaginando-as
seda da China
Um poeta em carne viva
é um louco no tribunal
das almas de chumbo:
culpado sempre
Culpado de ser humano da fala ao falo
Bárbara Lia
Tem um pássaro cantando
dentro de mim
2011
abriga a terrível pulsação
de um coração-estrela
e um silêncio
encravado nas entranhas
como filho bastardo
que nasce
à revelia do seu canto
Um poeta em carne viva
pisa as pedras
imaginando-as
seda da China
Um poeta em carne viva
é um louco no tribunal
das almas de chumbo:
culpado sempre
Culpado de ser humano da fala ao falo
Bárbara Lia
Tem um pássaro cantando
dentro de mim
2011
ISTO É A TARDE:
LUZ
que um Anjo azul executa
num violoncelo amarelo
CHOQUE
do olfato contra um perfume
lírio gramado eucalipto
FUGA
desta rotina de estudo
ou do afã do trabalho
à carruagem de nuvens
longa
lenta
lilás
Adriano Winter
http://adrianowintter.wordpress.com/
SÍSIFO
tenho pena das belezas sem poetas
que jamais conhecerão a poesia
por isso rolo essa pedra da manhã, da árvore
do jardim e do lago ainda sem verso
neste poema ambicioso, generoso, repleto
(e no entanto – ainda e sempre – incompleto)
forço alma, fêmur, bíceps – ofego!
empurro, literalmente
o globo glorioso
de todo universo
(mais
o que almejo e imagino)
pela encosta vertical, quilométrica
até o cimo
mas lá, força acabada
tão logo ergo minha mão contusa
para enxugar-me das rimas sanguíneas
contemplo a forma cair de seu clímax
ofício nulo, de volta ao nada!
volto: e na planície
novamente comovido
retomo meu estético destino
Adriano Winter
Nasceu e reside em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foi um dos vencedores do Festival de Música, Poesia e Conto de Paranavaí (Femup 2010), com o poema "Os átilas". Permanece inédito em livro. Edita o blogue Ars Poetica - AW (http://adrianowintter.wordpress.com
que jamais conhecerão a poesia
por isso rolo essa pedra da manhã, da árvore
do jardim e do lago ainda sem verso
neste poema ambicioso, generoso, repleto
(e no entanto – ainda e sempre – incompleto)
forço alma, fêmur, bíceps – ofego!
empurro, literalmente
o globo glorioso
de todo universo
(mais
o que almejo e imagino)
pela encosta vertical, quilométrica
até o cimo
mas lá, força acabada
tão logo ergo minha mão contusa
para enxugar-me das rimas sanguíneas
contemplo a forma cair de seu clímax
ofício nulo, de volta ao nada!
volto: e na planície
novamente comovido
retomo meu estético destino
Adriano Winter
Nasceu e reside em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foi um dos vencedores do Festival de Música, Poesia e Conto de Paranavaí (Femup 2010), com o poema "Os átilas". Permanece inédito em livro. Edita o blogue Ars Poetica - AW (http://adrianowintter.wordpress.com
Silo
I
ceifo safras
de pássaros
guardo voos
no silo
depois lavo
na arte
e nos versos
afio
a famélica
e ágil
foice lírica
da íris
II
planam sempre
que abro
(tristes tempos
de estio)
esse silo
fantástico
onde fomes
sacio
Adriano Winter
Fonte :Eutomia
Poética
III
a beleza tem leis
que o poeta ignora
apesar de contê-las
na extensão de sua obra
linha a linha reflete
harmonias herméticas
de suas luzes simétricas
que jamais entrevê
mas cintilam no avesso
do céu negro que versa
lê de luas ilógicas
raios presos nas letras
tão sutis que velozes
somem quando aparecem
lê de estrelas o eco
sob as trevas fonéticas
e por todo poema
em discurso de eclipse
lê o zênite líquido
do vocábulo impresso
mas em língua ilegível
- um dialeto do nada -
que reflete o invisível
escrevendo o que apaga
lê a lei do silêncio
no limite da lauda:
a poesia começa
onde o verbo acaba
Adriano Winter
Fonte :Eutomia
a beleza tem leis
que o poeta ignora
apesar de contê-las
na extensão de sua obra
linha a linha reflete
harmonias herméticas
de suas luzes simétricas
que jamais entrevê
mas cintilam no avesso
do céu negro que versa
lê de luas ilógicas
raios presos nas letras
tão sutis que velozes
somem quando aparecem
lê de estrelas o eco
sob as trevas fonéticas
e por todo poema
em discurso de eclipse
lê o zênite líquido
do vocábulo impresso
mas em língua ilegível
- um dialeto do nada -
que reflete o invisível
escrevendo o que apaga
lê a lei do silêncio
no limite da lauda:
a poesia começa
onde o verbo acaba
Adriano Winter
Fonte :Eutomia
Poética
II
a beleza tem leis
que o poeta obedece
feito cego refém
de suas normas secretas
as safiras da forma
ele pensa que amolda
que lapida, que pole
ou colares concebe
mas as pedras precisas
são geradas por ela
ruge azul e se insere
no momento que escolhe
e no molde que elege
pressionando sua mente
a cingir cada verso
da maneira que pede
advém do inconsciente
que antecede a palavra
e em riquezas excede
as jazidas da fala
um silêncio que ao léxico
alimenta e revela
hermetiza e esclarece
ou destrói, desespera
luta eterna do ser
contra o som e o alfabeto
contra a arte que o diz
sem contudo expressá-lo.
Adriano Winter
Fonte : Eutomia
POÉTICA
I
a beleza tem leis
que as palavras apagam
quando grafam seu gênesis
no princípio da página
e revelam que o belo
surge brusco e sozinho
como sonho ou delírio
nas pupilas da linha
(não há luz que construa
nem engenho que gere
sua flor na brancura
insondável do cérebro
onde pétalas lusas
ditam versos inéditos)
ela anula a estrutura
cinde a lira do logos
parte o fêmur do número
ri do rosto de Apolo
e na mão do arquiteto
crava o da(r)do do acaso
quando quer, como quer
tudo - a si - submete
tem um trono no caos
outro sólio na ordem
reino (em branco) do arcano
onde incógnita impera
às vogais, consoantes
dando timbre e mistério
Adriano Winter
Fonte: Eutomia
a beleza tem leis
que as palavras apagam
quando grafam seu gênesis
no princípio da página
e revelam que o belo
surge brusco e sozinho
como sonho ou delírio
nas pupilas da linha
(não há luz que construa
nem engenho que gere
sua flor na brancura
insondável do cérebro
onde pétalas lusas
ditam versos inéditos)
ela anula a estrutura
cinde a lira do logos
parte o fêmur do número
ri do rosto de Apolo
e na mão do arquiteto
crava o da(r)do do acaso
quando quer, como quer
tudo - a si - submete
tem um trono no caos
outro sólio na ordem
reino (em branco) do arcano
onde incógnita impera
às vogais, consoantes
dando timbre e mistério
Adriano Winter
Fonte: Eutomia
PALAVRACASO
(re)começa incógnita
no branco infinito
mistério sem fórmula
de fim imprevisto
pondo o ser em prova
sempre mais difícil
que por cálculo inóspito
(antiluz e antidígito)
resolve-se ilógica
no vocábulo inscrito
Adriano Winter
Fonte : Aliás
no branco infinito
mistério sem fórmula
de fim imprevisto
pondo o ser em prova
sempre mais difícil
que por cálculo inóspito
(antiluz e antidígito)
resolve-se ilógica
no vocábulo inscrito
Adriano Winter
Fonte : Aliás
METAFÍSICOS
enquanto fetos
viram flores
e homens murcham
e morrem
nós tentamos deter
o movimento veloz
e violento da vida
criando histórias de amor
obras de arte e
tratados
de filosofia
Adriano Winter
Fonte:Revista Germina
viram flores
e homens murcham
e morrem
nós tentamos deter
o movimento veloz
e violento da vida
criando histórias de amor
obras de arte e
tratados
de filosofia
Adriano Winter
Fonte:Revista Germina
DESPERTAR
o brinde
da vida
aflora em festa
já borbulha
na borda
da manhã que começa
tim-tim, minha carne:
reacorda!
tim-tim, minha alma:
fica ébria!
Adriano Winter
Fonte :Revista Germina
da vida
aflora em festa
já borbulha
na borda
da manhã que começa
tim-tim, minha carne:
reacorda!
tim-tim, minha alma:
fica ébria!
Adriano Winter
Fonte :Revista Germina
sábado, 13 de agosto de 2011
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Hoje é um bom dia para morrer
Não está calor
e o frio está na dúvida
A chuva transformou-se em garoa
olhei ao redor com cara de
Por quê?
Em meio a inúmeros desconhecidos
deletei-me do orkut.
Deixei de aceitar estranhos no facebook.
Limpei e-mails inúteis
doei roupas e livros
separei todo lixo.
desfiz-me do International Herald Tribune
e revistas em inglês
que provavam meu conhecimento e viagens.
Desisti do maravilhoso texto The Raven de Poe
traduzido para o alemão
para quando eu dominasse a língua.
Textos e livros em português, italiano, espanhol
para um dia talvez.
Esvaziei a sapateira e a mente
Enxerguei com clareza
o conforto do corpo
a solidão da alma.
que hoje é um bom dia para partir.
Deisi Perin
e o frio está na dúvida
A chuva transformou-se em garoa
olhei ao redor com cara de
Por quê?
Em meio a inúmeros desconhecidos
deletei-me do orkut.
Deixei de aceitar estranhos no facebook.
Limpei e-mails inúteis
doei roupas e livros
separei todo lixo.
desfiz-me do International Herald Tribune
e revistas em inglês
que provavam meu conhecimento e viagens.
Desisti do maravilhoso texto The Raven de Poe
traduzido para o alemão
para quando eu dominasse a língua.
Textos e livros em português, italiano, espanhol
para um dia talvez.
Esvaziei a sapateira e a mente
Enxerguei com clareza
o conforto do corpo
a solidão da alma.
Sem adereços eu vi
que hoje é um bom dia para partir.
Deisi Perin
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
A minha noite se aproxima e a morte começa a querer algo mais sério comigo do que apenas um flerte. Não me sinto poeta ,nem torto ou direito sou apenas andarilho das palavras, tropego bebendo quem sou para algum bueiro ,seja gaveta dos meus escritos ou no eter da infovia. Eu mais minhas contingencias, ideologias e todas as roupas mais , embora prefira andar como vim ao mundo, procuro encontrar a nudes da alma essa afogou-se sob o calor de tantas roupas que encrustadas tornaram-se couraçãs do burgues metido a comunista de cujo espelho embassado me vejo.
Wilson Roberto Nogueira
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Jovem
Suporta o peso do mundo.
E resiste.
protesta na praça.
Contesta.
Explode em aplausos.
Escreve recados
nos muros do tempo.
E assina.
Compete no jogo incerto da vida.
Existe.
Helena Kolody
in: Infinito Presente
E resiste.
protesta na praça.
Contesta.
Explode em aplausos.
Escreve recados
nos muros do tempo.
E assina.
Compete no jogo incerto da vida.
Existe.
Helena Kolody
in: Infinito Presente
domingo, 7 de agosto de 2011
Sorriso
Embora teu sorriso se aproxime do filete
de algodão, que adoça os lábios de Buda,
brincas, aos vivos dos ventos,
nos telhados de ardosia . Tua carne
é faísca de quem te criou
Dela deriva a esperança, que te faz,
na medula do amor sonhar com outro abraço
o dos bichos perfumados pela chuva.
Armindo Trevisan
de algodão, que adoça os lábios de Buda,
brincas, aos vivos dos ventos,
nos telhados de ardosia . Tua carne
é faísca de quem te criou
Dela deriva a esperança, que te faz,
na medula do amor sonhar com outro abraço
o dos bichos perfumados pela chuva.
Armindo Trevisan
Minifesto
Ave a raiva desta noite
a baita lasca fúria abrupta
louca besta vaca solta
ruiva luz que contra o dia
tanto e tarde madrugastes
morra a calma desta tarde
morra em ouro
enfim, mais seda
a morte, essa fraude,
quando próspera
viva e morra sobretudo
este dia, metal vil,
surdo, cego e mudo
nele tudo foi e , se ser foi tudo,
já nem tudo nem sei
se vai saber a primavera
ou se um dia saberei
que nem eu saber nem ser nem era.
Paulo Leminski
a baita lasca fúria abrupta
louca besta vaca solta
ruiva luz que contra o dia
tanto e tarde madrugastes
morra a calma desta tarde
morra em ouro
enfim, mais seda
a morte, essa fraude,
quando próspera
viva e morra sobretudo
este dia, metal vil,
surdo, cego e mudo
nele tudo foi e , se ser foi tudo,
já nem tudo nem sei
se vai saber a primavera
ou se um dia saberei
que nem eu saber nem ser nem era.
Paulo Leminski
sábado, 6 de agosto de 2011
3 Postais
ali
naquele trecho da calçada
agora à noite
alguns se deitam, cobrem-se
com sacos de estopa
e dissimulam
piras
funerárias.
Marcelo Sandmann
naquele trecho da calçada
agora à noite
alguns se deitam, cobrem-se
com sacos de estopa
e dissimulam
piras
funerárias.
Marcelo Sandmann
Poética Negativa
Não quero a palavra enrijecida :
pedra circunspecta
impermeável a vida .
Não quero a palavra mutilada ;
autópsia incisiva ,
vísceras reviradas.
Não quero a palavra intransponível:
ponte que pende
no vão do invisível
Não quero a palavra imaculada:
área rarefeita
avesso a ser contada.
Marcelo Sandmann
Lírico Renitente
pedra circunspecta
impermeável a vida .
Não quero a palavra mutilada ;
autópsia incisiva ,
vísceras reviradas.
Não quero a palavra intransponível:
ponte que pende
no vão do invisível
Não quero a palavra imaculada:
área rarefeita
avesso a ser contada.
Marcelo Sandmann
Lírico Renitente
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Aurea mediocritas. 2
Deve haver um ponto médio
onde o fazer de quem escreve
não custe a dor de quem o lê
(Mas se for dor
o que ele escreve,
que nossa dor haja prazer. )
Marcelo Sandmann
onde o fazer de quem escreve
não custe a dor de quem o lê
(Mas se for dor
o que ele escreve,
que nossa dor haja prazer. )
Marcelo Sandmann
Contaminação
Tudo que o homem toca ele contamina,
desde a fonte de água cristalina
até a prostituta que a sociedade discrimina.
Depois ele se orgulha em dizer :
"Em homem não pega sujeira porque,
se comparada com o homem
até a sujeira é coisa fina. "
Cida Magalhães
desde a fonte de água cristalina
até a prostituta que a sociedade discrimina.
Depois ele se orgulha em dizer :
"Em homem não pega sujeira porque,
se comparada com o homem
até a sujeira é coisa fina. "
Cida Magalhães
Lamb, lamb,lamb...
Foi pensando em despertar o sentimento maternal na minha gata, que ficava muito tempo sozinha, que adotei a segunda gatinha, a Miona, para fazer companhia para Guida.
O problema é que Guida viu-se ameaçada, com o território invadido e nada de sentimento maternal: só guerra! Recebeu-a com chiados e rosnados. Detestava a filhotinha que parecia não entender de onde surgia tanto mal humor. Miona rapidamente encontrou um esconderijo pra lá de criativo. Entrou pela fresta do armário da cozinha, onde tem o aramado dos panos de prato e passou por debaixo do fogão embutido, deslizando para dentro da última gaveta, da bancada, de onde tirei as ferramentas e forrei com pano macio, para ela se aninhar. É um esconderijo inatingível pela Guida.
Passados quase dois anos, Guida consegue relacionar-se melhor com a Miona, mas ainda assim, enxota-a com chiados ferozes quando sente-se ameaçada vendo a pequena aproximar-se de onde estou.
Já presenciei a Guida descendo do sofá, passando pela Miona e desferindo uma patada na cara dela, como quem diz: "Como ousa estar aqui!?"
Miona, que é uma graça, parece tirar de letra os desagravos da mais velha. Agora que está maior, devolve patadas e pula alto, escapando. E consegue ser lindinha, desfilando pela casa. Mas é arisca. Se chega visita, corre para o seu esconderijo. Qualquer barulho indefenido é motivo de sumiço.
Mas há um espaço de paz aos pés da cama, onde o sol entra de manhã e Guida finalmente lambe Miona, como se fosse sua filhote.
Marilza Conceição
Foi pensando em despertar o sentimento maternal na minha gata, que ficava muito tempo sozinha, que adotei a segunda gatinha, a Miona, para fazer companhia para Guida.
O problema é que Guida viu-se ameaçada, com o território invadido e nada de sentimento maternal: só guerra! Recebeu-a com chiados e rosnados. Detestava a filhotinha que parecia não entender de onde surgia tanto mal humor. Miona rapidamente encontrou um esconderijo pra lá de criativo. Entrou pela fresta do armário da cozinha, onde tem o aramado dos panos de prato e passou por debaixo do fogão embutido, deslizando para dentro da última gaveta, da bancada, de onde tirei as ferramentas e forrei com pano macio, para ela se aninhar. É um esconderijo inatingível pela Guida.
Passados quase dois anos, Guida consegue relacionar-se melhor com a Miona, mas ainda assim, enxota-a com chiados ferozes quando sente-se ameaçada vendo a pequena aproximar-se de onde estou.
Já presenciei a Guida descendo do sofá, passando pela Miona e desferindo uma patada na cara dela, como quem diz: "Como ousa estar aqui!?"
Miona, que é uma graça, parece tirar de letra os desagravos da mais velha. Agora que está maior, devolve patadas e pula alto, escapando. E consegue ser lindinha, desfilando pela casa. Mas é arisca. Se chega visita, corre para o seu esconderijo. Qualquer barulho indefenido é motivo de sumiço.
Mas há um espaço de paz aos pés da cama, onde o sol entra de manhã e Guida finalmente lambe Miona, como se fosse sua filhote.
Marilza Conceição
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Flâneur de uma cidade sem úbere agonizando de agruras para ontem.
Matem minha vontade de morrer nesta cidade de pó e carniça.
Em toda praça sorri banguela a desdita miséria
untada de lodo e urina de ratos sob as bençãos da geada mortalhando gelada dança .
sorve meta merda na alma dissolvida nas vísceras do pesadelo empedrado no fogo .
gosma de vida que se arrasta de precipício em precipício de vertigens no inferno
saboreando a morte tateando desespero lambendo a laje da vida que foge.
Passo impassível sem moedas a dar nem cumprimento a paisagem horrenda da urbe.
cobertores sobre peles podres sob ossos quebradiços , baratas .
No submundo da humana voracidade mais um careca icinera de ódio mais um subumano desengano.
Cruzes são caras de mais , covas rasas secas de Deus plantam mais um horizonte que não brotou.
"A manhã tem mais". "Prefiro a televisão ,o locutor é um artista " "Escorre sangue em cada letra que vomita de sua fala vulturina " "Um acidente de carro... " Amanhã estarei ocupado fala o Diabo, assistirei a matinê ao lado de Nero massacre de cristãos
Wilson Roberto Nogueira
Matem minha vontade de morrer nesta cidade de pó e carniça.
Em toda praça sorri banguela a desdita miséria
untada de lodo e urina de ratos sob as bençãos da geada mortalhando gelada dança .
sorve meta merda na alma dissolvida nas vísceras do pesadelo empedrado no fogo .
gosma de vida que se arrasta de precipício em precipício de vertigens no inferno
saboreando a morte tateando desespero lambendo a laje da vida que foge.
Passo impassível sem moedas a dar nem cumprimento a paisagem horrenda da urbe.
cobertores sobre peles podres sob ossos quebradiços , baratas .
No submundo da humana voracidade mais um careca icinera de ódio mais um subumano desengano.
Cruzes são caras de mais , covas rasas secas de Deus plantam mais um horizonte que não brotou.
"A manhã tem mais". "Prefiro a televisão ,o locutor é um artista " "Escorre sangue em cada letra que vomita de sua fala vulturina " "Um acidente de carro... " Amanhã estarei ocupado fala o Diabo, assistirei a matinê ao lado de Nero massacre de cristãos
Wilson Roberto Nogueira
Faltara o samba flertando dor com esperança
e a lâmina cega do blues cortando a encruzilhada
da alma bebada de olho no precípicio que brada:
“A morte será sua herança” . Cobiça-te desde criança
Quando descia o morro rindo da bala que traçava o céu
Rasgando a noite calando no peito do dia mais uma colheita de desenganos.
Faltara o samba que bateu em retirada quando a luz que dançava nos olhos teus
Quedaram nos seus passos o silencio da tua esperança.
Sonha o céu mais estrelas dos anjos nascidos das bastardas balas perdidas.
Enquanto marejada de ácido corre fantasma a alma do blues
Queimando as cordas dos meus nervos que cantam
O silêncio das crianças que clamam por socorro
na encruzilhada dançam o samba com o blues
numa só alma negra e profunda.
Ecoando escravidão ,dignidade e luta.
E ainda nas vielas da canção sonhando paz , amor e união.
Wilson Roberto Nogueira
e a lâmina cega do blues cortando a encruzilhada
da alma bebada de olho no precípicio que brada:
“A morte será sua herança” . Cobiça-te desde criança
Quando descia o morro rindo da bala que traçava o céu
Rasgando a noite calando no peito do dia mais uma colheita de desenganos.
Faltara o samba que bateu em retirada quando a luz que dançava nos olhos teus
Quedaram nos seus passos o silencio da tua esperança.
Sonha o céu mais estrelas dos anjos nascidos das bastardas balas perdidas.
Enquanto marejada de ácido corre fantasma a alma do blues
Queimando as cordas dos meus nervos que cantam
O silêncio das crianças que clamam por socorro
na encruzilhada dançam o samba com o blues
numa só alma negra e profunda.
Ecoando escravidão ,dignidade e luta.
E ainda nas vielas da canção sonhando paz , amor e união.
Wilson Roberto Nogueira
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