terça-feira, 16 de agosto de 2011

POÉTICA

I


a beleza tem leis

que as palavras apagam

quando grafam seu gênesis

no princípio da página

e revelam que o belo

surge brusco e sozinho

como sonho ou delírio

nas pupilas da linha

(não há luz que construa

nem engenho que gere

sua flor na brancura

insondável do cérebro

onde pétalas lusas

ditam versos inéditos)

ela anula a estrutura

cinde a lira do logos

parte o fêmur do número

ri do rosto de Apolo

e na mão do arquiteto

crava o da(r)do do acaso

quando quer, como quer

tudo - a si - submete

tem um trono no caos

outro sólio na ordem

reino (em branco) do arcano

onde incógnita impera

às vogais, consoantes

dando timbre e mistério

Adriano Winter
Fonte: Eutomia

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