I
a beleza tem leis
que as palavras apagam
quando grafam seu gênesis
no princípio da página
e revelam que o belo
surge brusco e sozinho
como sonho ou delírio
nas pupilas da linha
(não há luz que construa
nem engenho que gere
sua flor na brancura
insondável do cérebro
onde pétalas lusas
ditam versos inéditos)
ela anula a estrutura
cinde a lira do logos
parte o fêmur do número
ri do rosto de Apolo
e na mão do arquiteto
crava o da(r)do do acaso
quando quer, como quer
tudo - a si - submete
tem um trono no caos
outro sólio na ordem
reino (em branco) do arcano
onde incógnita impera
às vogais, consoantes
dando timbre e mistério
Adriano Winter
Fonte: Eutomia
Nenhum comentário:
Postar um comentário