III
a beleza tem leis
que o poeta ignora
apesar de contê-las
na extensão de sua obra
linha a linha reflete
harmonias herméticas
de suas luzes simétricas
que jamais entrevê
mas cintilam no avesso
do céu negro que versa
lê de luas ilógicas
raios presos nas letras
tão sutis que velozes
somem quando aparecem
lê de estrelas o eco
sob as trevas fonéticas
e por todo poema
em discurso de eclipse
lê o zênite líquido
do vocábulo impresso
mas em língua ilegível
- um dialeto do nada -
que reflete o invisível
escrevendo o que apaga
lê a lei do silêncio
no limite da lauda:
a poesia começa
onde o verbo acaba
Adriano Winter
Fonte :Eutomia
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