terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poética

III
a beleza tem leis


que o poeta ignora

apesar de contê-las

na extensão de sua obra

linha a linha reflete

harmonias herméticas

de suas luzes simétricas

que jamais entrevê

mas cintilam no avesso

do céu negro que versa

lê de luas ilógicas

raios presos nas letras

tão sutis que velozes

somem quando aparecem

lê de estrelas o eco

sob as trevas fonéticas

e por todo poema

em discurso de eclipse

lê o zênite líquido

do vocábulo impresso

mas em língua ilegível

- um dialeto do nada -

que reflete o invisível

escrevendo o que apaga

lê a lei do silêncio

no limite da lauda:

a poesia começa

onde o verbo acaba
 
Adriano Winter
Fonte :Eutomia

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