sábado, 5 de maio de 2012

Ao cair da tarde

Agora nada mais.Tudo silêncio. Tudo,
Esses claros jardins com flores de giesta,
Esse parque real, esse palácio em festa,
Dormindo à sombra de um silêncio surdo e mudo...

 Nem rosas, nem luar,nem damas...Não me iludo.
A mocidade aí vem, que ruge e que protesta,
Invasora brutal. E a nós que mais nos resta,
Senão ceder- lhe  a espada e o manto de veludo?

Sim, que nos resta mais? já não fulge e não arde
O Sol! E no covil negro deste abandono,
Eu sinto o coração tremer como um covarde!

Para que mais viver, folhas tristes do outono?
Cerra-me os olhos, pois, Senhor.É muito tarde.
São horas de dormir o derradeiro sono.

1920.

Emiliano Perneta.
Ilusão & Outros Poemas, p. 170

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