quinta-feira, 5 de julho de 2012

Poeiras sobre a estante


   Todas as noites ele voltava par a aquele  mesmo  quarto  de pensão   para reencontrar   os móveis velhos e os livros gastos,os jornais  carcomidos por notícias  de novas notícias velhas as quais  se repetiam nos telejornais  -no estuário da ilusão.
   Deitava-se na prisão de seus sonhos   sem luzes,sua cama de colchão mofado e travesseiro babado  de salivas  de um idioma  de sonhos  em pedaços   ,exalando  o enfado de seus  fados  oníricos  sem poesias   só a ilusão  do pó de seus dias.
   Levantava-se sempre com o coração  soterrado  por correntes  de aço ,as quais não mais sentia  acostumara-se a elas ,ao peso do  barulho  ao caminhar ,ao caminhar   molhava a testa enrugada com a água salgada  de sua  existência ;não clamava  pela  fragorosa  flagrância  da derrota  dos exércitos  de pano diante  do fogo de ideais de incêndio ,os quais na batalha  dos dias  de juventude   duraram tantos minutos  de poeira soprados  com o mau-hálito da   escória da memória  ,que escorria  pegajosa  no olho da janela  ,tão  opaca que  a menina morena de seus olhos ,cega não vira o sol que  lhe sorria  e beijava-lhe    com uma piscadela para vê-la uma vez mais dançar.

                      Wilson Roberto Nogueira

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