domingo, 18 de novembro de 2012

Outubro.


De Mara Paulina Arruda
 
Ypês. Eu não quero exagerar nos adjetivos, mas até Luciana concorda comigo. Essas árvores com tudo o que vem acontecendo não desistem da beleza.
Luciana vinha falando deste pequeno detalhe observado no trajeto entre nossas moradas. Um detalhe mínimo, que enfeita. Pense num percurso em que tu vês muitas flores. E por certo a alma do lugar.
Proseávamos sobre ypês, Violoncelos, jazz, estradas e afins.
 
Luciana é uma mulher negra.
Eu sou uma mulher branca.
 
Luciana amamenta seu filho de seis meses e apressou-se porque o leite já estava chegando e, a vida, este presente, precisa continuar mesmo com os vendavais.
Eu contava para ela da minha vidinha simples e, do meu amor. Tinha dito para Ele: beije-me meu amor, mas Ele não escutou.
Ela fez uma cara meio assim puxando a boca para a esquerda e anotou o particular de mim que eu entregava a ela. Parou. Deu-me um beijo. Acenou. Entrou no prédio aonde mora.
 
Retribui seu aceno e caminhei mais um pouco. Quando estava perto da minha casa colhi as vagens de Ypê amarelo que estão entre a rua, o muro daquela escola e a hortelã.
Você pode ver?
 
 
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