quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
CELULAROSE?
José Marins
Existe neurose,
lordose, artrose. Mas você sabe o que é celularose?
Inicialmente é apenas uma palavra que acabo de inventar.
Isto porque
não encontro uma expressão para designar essa febre por
telefone
celular. Não quero chamar de mania por celular, é muito mais
grave.
Passou na TV, eu
vi, você deve ter visto também, talvez nem reparou.
A velhinha disse sorrindo ter dois desses aparelhinhos de
telefone celular.
Não entendi. Por que dois? Ela foi mostrar e não conseguiu
localizar dentro
da bolsa, ficou meio sem graça só mostrando um. Então, o
repórter deu a
idéia: ligar para o número daquele outro celular. O bicho
tocou dentro da
bolsa e a doce senhora o localizou. A coisa berrava uma
daquelas
insuportáveis musiquinhas.
Eu estava
voltando para casa de ônibus, quando no banco detrás a
mocinha ligou o celular: “Mãe, tô indo. Onde estou? Onde!
Estou no
ônibus, onde poderia? No ônibus de sempre, mãe!”
A mãe se levantou
lá na frente e deu tchauzinho para a filha. As duas
estavam no mesmo ônibus. Eu pensei que a menina se
levantaria e prosseguiria
a conversa lá, junto da mãe. Que nada, elas continuaram
conversando pelo telefone
mesmo.
Um amigo me
contou que na igreja, antes de começar a missa, o comentarista
pediu aos portadores de celulares que os mantivessem
desligados durante a celebração.
Súbito um deles soou. Era justamente o dele. Foi impossível
conter o riso.
Outro dia, um
cliente insistiu duas vezes numa ligação via celular. “Deve estar
com problemas, não completa.” Em seguida deu uma risadinha sem graça, ele
estava ligando para o próprio número.
Celularose, a
febre do uso indiscriminado do monstrengo. Eu, hem? Tô fora!
sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
E tenho dentro de mim
E tenho dentro de mim
Um pouco de tudo
Dores
Flagelos
Amores
Esperanças guardadas
Distancias que pesam
Sentimentos que esperam
Passos
Correntes
Infinitos pesarem
Beijos lilases
Fio de incerteza
Um peito abafado
Dias de outrora
Versos
Palavras
Sussurros
Vestígio de mar
Rosas na face
E um grito preso
na garganta da alma
Lou Witt
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
BLUES DO ANJO DA HISTÓRIA
olho pros lados
olho pra cima
não vejo nada
só o anjo da história e seu cortejo de cinzas
onde quer que eu vá
é a mesma história
não há vagas
não há quartos
volte amanhã
volte mais tarde
volte nunca
e o anjo da história
tocando seu banjo
sobre as ruínas de babel
& roma & bizâncio & paris & nova york
não dá mais
meus pés estão rasgados
minha roupa é um manto roto
e não tenho pás
pra enterrar tantos corpos
enquanto isso o anjo da história
com um sorriso de lado
me diz:
ei, idiota, por que você não faz um poema?
ei, idiota, por que você não faz um poema?
não dá, as palavras sumiram
só sei que vou andar
até acabarem todas as estradas
todas as rotas todas a trilhas todas as rimas
olho pros lados
olho pra cima
não vejo nada
oh, baby, não vejo nada
só as sobras e as sombras
de nossa desolação
e o anjo da história
em cima do empire state
tocando um blues
um velho blues
com seu banjo de uma corda só:
ei, idiota, por que você não faz um poema?
ei, idiota, por que você não faz um poema?
Otto Leopoldo Winck
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
O amor entre a loucura e a razão
A minha loucura pede: “vá a busca desse amor!”
A razão fala: ”Cuidado! Mal tudo começou!”
A minha loucura diz: “Largue tudo e lute por ela!”
E a razão: “Se lembre dos contos de Cinderela!”
A loucura implora: “A vida é só uma meu chapa!”
A razão insiste: “Cuidado para não lhe baterem a porta!”
A loucura manda email: “Se perdê-la terás eterno pesadelo!”
E a razão pelo MSN tecla: “Não seja tão ingênuo!”
A loucura agora envia torpedo: “Ame loucamente, você tem
direito!”
A razão diz: “Isso são coisas de mau conselheiro!”
E assim segue a vida entre o fogo e a palha,
Entre o todo e a partilha,
Entre o deserto e a água,
Entre o sim e o não.
E o tempo está passando...
E só sei que continuo te amando...
Independente de ser entre a loucura e a razão.
(Nelson Rodrigues de Barros)
A Morte
Coração inacabado, inda orvalhado
Em ritmo fleumático, compassado
De afectos e de agravos desgastado
De luares e poentes devastado
Sonhos, ideais nunca alcançados
Olores sabidos, sorvidos, aspirados
Rosas que nunca foram desfolhadas
Pétalas não tocadas, não cheiradas
Brisas, ventos, tempestades trovoadas
Raios de sol, estrelas cadentes
Beijos ofegantes, amores quentes
Paixões, ilusões, desilusões
Pradarias, alegrias, melodias
Saudades, despedidas e partidas
Amizades, camaradas, gargalhadas
Tristezas, dor, amargura, desventuras
Uma casa, o céu azul, o infinito
Mares de prata, areias brancas
Prados verdes, jardins matizados
Revolta, raiva, vazio, impotência
Sensação de fim é acabado
O tempo breve, efémero, mal usado
Latejando, um sopro, uma lembrança
Um Deus, um rosto, uma luz
Uma prece, a fé a confiança
A lágrima, a leveza, uma esperança.
Mariana Goinhas
A porta de casa
X
Em minha casa,a porta da rua,
Eu pendurei um sinal,
Que diz,a minha casa e tua,
Se acaso,não vens por mal
X
E um outro na janela,
Que diz,vem-me ver,
Para quando passar ela,
Não me conseguir,esquecer
X
Coloquei outro,ao peito,
Que diz,sou gente,
Para que me tenham respeito,
E me tratem,de forma decente
X
Pendurado no telhado,
Há outro,que diz assim,
Deixa-me estar descansado,
E nem,te lembres de mim
X
E ao lado,de um osso roído,
Escrevi,não há dinheiro,nem esperança,
Meus senhores,estou falid,
Mas esse,e,so para as finanças.
Antonio Pinto L
LÁ...
Elane Tomich
Lá é tão longe do mundo,
onde acaba o arrepio,
a quina do meio-fio,
espírito do olhar mais fundo.
onde no abismo desmaio,
o final do latifúndio
em tanto chão de saudade
o teu olhar de soslaio.
Primeira gota do rio,
o medo do poço fundo
de onde o vento é oriundo,
meia-volta de desvios.
muito além da saciedade
vontade em eterno gerúndio
onde, de amor, desmaio.
(06 / 2006)
Tomem la como sinto a democracia que tanto apregoam os príncipes
Tento,mas não consigo,
Ser igual a ti,grande senhor
X
Tu,tens educação,
tens certezas,
e a sombra,da tua mao,
tras de comer,as nossas mesas
X
Tens boa figura,
De gente bem vestida,
Eu,de muito,so amargura,
Sou uma alma vencida
X
Ate nossos filhos são diferentes,
Os teus,são finos,
Filhos de boas gentes,
Os meus,malvados,e libertinos
X
Os teus,nascidos para governar,
Construir nossos destinos,
Os meu,são para trabalhar,
Nem precisam ser meninos
X
Nunca seremos guais,
O meu sangue não presta,
Olha bem,ve os meus pais,
Dos filhos,olha o que resta
X
Qual universidade?
A das ruas de Lisboa?
Aulas de adversidade,
Soa mal isto,não soa?
X
Meu rei patrão,
Se quizer minha mulher,
Nos não diremos que não,
Basta so dizer que quer
X
E serei teu escravo felizmente,
E a meus filhos,ensinarei,
A amar a tua gente,
E a respeitar a tua lei
X
Tua sombra beijarão,
Não desejarao nada mais,
E somente,ambicionarão,
Ser mais um,dos teus serviçais
PENSAVENTOS
- A porta da mentira pode ser de ferro. Mas a
verdade traz maçaricos nos dedos.
Dialogando com o Octávio Santana:
O que sou
Sou paredões de pedra abraçando ecos
Vozes pronunciadas no passado
E que ainda sobrevivem em meu presente sólido e inconsciente
Sou metáforas rochosas que brincam com ecos alheios
Como um vale brinca com as vozes dos outros
Sou a Paris que é um estado de espírito,
Uma abstração palpável e inconquistável que só se rende à
vida
Sou sentidos e formas em estado consonântico e vocálico
Que se entregam à prosódia do sentir,
Ao ritmo sonhador que engorda Tesouros Secretos
Sou a sombra que se agarra em tudo o que ouve e compreende,
Sou o que os surpreende sempre que posso e sempre que me
deixam,
Como Puck surpreende ─ quando pode ─ a platéia grega
universalmente feliz
Sou a ponte de braços sobre o Sena que os toca com a volúpia
De um condenado à Sibéria
Sou a grandeza de ser tantos seres ao mesmo tempo na mente
Sou o que quer lírios, o que quer rosas, por dentro e por
fora
Sou o inatingível que também ecoava Whitman e era o Paradoxo
Sou a enxada e a roda dentada todas juntas num armazém
Sou a Argentina num labirinto
O Japão dentro de um tanka
A Inglaterra que se desterra para fazer versos na Itália
Sou a saudade no vento do oeste!
Sou um filme de faroeste aos olhos de um menino
Sou a fortuna do campo trovejante
O portador da alegria ao bar do Simpson
A voz do papagaio de Stevenson
A aventura, o mistério, a alegria que visita a hospedaria
Eu sou a continuação dos canhões
O ruído da grama que cresce na Rússia
O amor entre a guerra e Otavio Paz
A pureza e o pecado, a nobreza e a mesquinhez
A conciliação, a paixão
A mão de Jean Valjean roubando pão
Sou o som do machado de Raskolnikov
Sou a autocomiseração de Marmieladov,
As lágrimas de Sonietchka
A amizade de Razumikim
Sou a vingança de Dantés
A espada heróica de um escocês
As vicissitudes de um quadro
As virtudes de Rousseau em Kurosawa
Sou essa ânsia sinestésica que escuta as palavras com os
olhos
Que sorve as palavras com o ouvido
E digere, no coração, palavras
Palavras que não são minhas
Porque já pertencentes, agora, à Humanidade
Sou esse eco de vontade infinita chamada poema
E, penetrando cada sentido e percorrendo cada estrada do
espírito
Meu leitor querido e minha leitora querida
Como o mais belo parasita do mundo, em troca da vida que me
presenteiam
Ensino-os ─ sempre no presente ─
A saborear, na língua, todo o significado e toda a grandeza
do que sou em vocês
Para sempre, até que me esqueçam.
André de Castro
Energia estática dos corpos em repouso.
Eletro-encéfalo-gráficos
Transmutados em caos
Luas das oficinas galácticas
Nuances do mal
Que em portes de armas
Negligenciam o carnaval
Da carne no fogo do fogo
Do jogo luar e paz em
Vitupérios e sinal
Teus deuses laicos
Pelas perdas mártir
Lógica e revolução
Perdes a razão
E afugentas o amor
Pelos quatro cantos
Da solidão formal
Cada passo que dás
Dás dados darão
Doze tiros no escuro
Escuro breu no claro
Desvão
Serve seguir pela via
Sempre iria e segue
Suave e são
Sossobra pterodáctilo
No cantinho do universo
Da disciplina cósmica
Em verter segundo o pão
Pois de metáfora
Em símbolo segue o caule
Vasto, sensório, poluente
E a gente que sente
Não sente quanto eu
Ou como é, ser
Se pleno de sóis,
Pleno de teclas,
Calcificado de lágrimas,
Leitor.
Sempre brisa, frisa que jaz
E celebra contumaz assaz
Sermão da montanha
Em que me evaporo
Pelos poros do teu devir
Chora, cora, demora
E não me namora
O ato falho mais clichê
Sigo os ditames da perfeição
Moral e estética,
Que me doutrina
Rio acima
Levo mensagens de paz
De guerra e da Terra
E de além.
Volte a habitar meus olhos
Volte a sonhar meu sonho
Volte a doutrinar o brado
Que autoriza
O céu a cobrir o mundo
Com o calor do sol.
ACM
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Intolerancia.
Caminhar sobre escombros e destroços,
Vendo o quadro antes belo destruído,
Vendo sonhos transformados em fumaça,
Sob os turbantes dos mercadores de desgraça;
Ou dos conluios do ser mais evoluído,
Que em cuja mente não tem mais que pão dormido.
Numa luta que parece não ter fim,
Como se a vida fosse parte de um jogo,
E o pano verde é o teatro da guerra;
E as fichas as cimitarras de fogo,
Que cada vez mais destroem a nossa terra...
Tudo em nome de um deus desconhecido.
O amor um sentimento esquecido,
A intolerância ocupando os espaços,
O sorriso é sonegado e escondido,
Só nas lutas aparecem os abraços;
Os jardins servem como esconderijos...
O irmão nega o pão ao irmão falido.
O perdão é negado por suspeita,
E o bordão vai guiando sem sentido,
O abismo vai ficando mais profundo,
O Arquiteto que projetou o mundo...
Tem o Nome vendido no mercado,
Quando não é totalmente esquecido.
José Tavares
almaxpoesia.blogspot.com
ADEUS
(Eugénio de Andrade)
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: "meu amor",
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Miguel Torga e o Gerês...
Nota: Trata-se aqui de um pequeno trabalho que, a pedido e
para mim próprio, venho executando, com o objectivo de mostrar o caracter do
Poeta acentuado pela vertente regionalista, como se pode ler em toda a sua
Obra...
A ideia surgiu não por uma minha qualquer qualificação, mas
talvez exactamente por isso – para, utilizando a linguagem facil de quem pouco
sabe, conseguir prender a atenção e o interêsse de quem quere ouvir e
aprender...mas sem gastos de tempo exagerados ou de muita atenção...
E se, com êsses objectivo, mais alguém houver que queira
ajudar na tarefa...será muito bem vindo.
M.P.Sepúlveda
Introdução Preparatória:
O objectivo destas notas foi de criar um Texto Final passivel
de ser dividido em partes, para tornar viavel a sua apresentação e dar tempo à
sua compilação...
Trata-se pois de um texto despretencioso reportando
elementos recolhidos de forma despreocupada, visando tentar dar uma imagem de
algum modo clara daquelas facetas do caracter do Poeta Miguel Torga, que tanto
concorreram para o tornar uma personagem exemplar e impar na Literatura
Portuguesa, mas conscientemente limitada, face à riqueza do Universo da sua
Vida Literária, tanto na Temática como na abrangência de Locais e Espaços por
onde caminhou...
Mas limitando-me ao Concelho de Terras de Bouro e ao Livro
consultado, esta tarefa de recolha de informação tornou-se-me bem mais facil, e
até mais avisado para quem não é um “expert”, permitindo-me mesmo tentar a graça
de compilar e organizar estas notas, misturando intencionalmente Escritos e
Poemas...sem qualquer preocupação de coorelação.
Notasobre o Título:
Miguel Torga e o Gerês...
(elementos retirados da Obra...”Antologia
(Diário)...Extractos relativos a Terras de Bouro”...)
Edição da Câmara Municipal de Terras de Bouro
Nascido e vivendo quase em permanência neste Norte de
Portugal entre serras e penedos, no chamado Alto-Douro, foi um dos Escritores e
Poetas Portugueses recentes que, na minha opinião, apaixonadamente mais e
melhor nos falou e deixou registos deste Interior Norte Rural do nosso País,
região sempre tão esquecida por outros Iguais e por todos nós em geral...
E o Gerês, tão belo e tão próximo, foi por ele amiudadamente
visitado e registado nos Diários, através de Poemas e de Escritos.
Neles, falava assim:
Gerez,Banco do Ramalho,17 de Agosto de 1942 – Deste
monstruoso sofá em que a posteridade transformou uma singela pedra onde o bom
do Ramalho costumava sentar-se, e com o sol melancólico a cair ao longe sobre o
Cávado, penso na crueldade do destino para com certos homens e certos países.
Então o saudável autor das “Farpas”, o higiénico caixeiro viajante do bom gosto
pátrio, não mereceria num recanto da sua terra, onde ele leu, escreveu e
descansou, outra coisa que não fosse um mausoléu?! Pois não seria mais puro,
mais leal e mais de acordo com o que ele nos ensinou, deixar neste sítio a
mesma lage que o conheceu, do que lavra-la, pôr-lhe uns tocheiros em cima, e
fazer dela, que foi possivemente uma almofada sideral, a triste e agoirenta
sepultura que se vê?! O culto do homem superior não deve ser nunca uma
intromissão da nossa mesquinhêz na pureza das suas pègadas. Quando se não é
capaz de mais, o chapéu na mão...e as próprias fragas como ele as deixou.
Já em outro momento o Poeta escrevia
“A razão e o instinto hão-de acabar por dizer-lhe que todas
as flores artificiais do mundo plástico não valem um lírio dos campos, que
todas as químicas laboratoriais não valem a fermentação de um carro de estrume,
que todos os apitos imperativos do progresso não valem o som cordial de um
chocalho.”
E no poema “Patria” dá-nos bem ideia das ligações que
partilhava, construia e perseguia entre aquele conceito de pátria e a própria
morfologia do território e da sua cultura local...
Pátria
Serra !
E qualquer coisa dentro de mim se acalma...
Traída,
Feita de terra
E alma.
Uma paz de falcão na sua altura
A medir as fronteiras:
- Sob a garra dos pés a fraga dura,
E o bico a picar estrelas verdadeiras...
(Gerez, Pedra Bela em 1942)
a cabana
A cabana cheia de pobreza
Os olhos das crianças reflete a tristeza
Olhos da mãe derramou uma lágrima
A fome deles apreendidos
Na água jantar
Pelo dia em que foi
Acabei de ver seus filhos stunted
O desespero de afogamento
Em uma situação extrema
Colégio dos pequenos escritórios e sua espada
Meio de sua mão o terceiro seguido
Eles foram em um barco, com mar bravo
Na Espanha ele estava indo, as crianças dormiam
A travessia era eterno, ela sofreu
Rezei a Deus para ter piedade deles
Eles chegaram à costa da Andaluzia
Levantadas pelos agricultores
Em uma fazenda foram levados Huelva
Ela trabalhou, não perca
Os meninos que frequentam a escola
Chara, estrelada noite
Adeola suspirou, deu graças a Deus
Pela sorte de ter um emprego
Ele abriu os joelhos no chão e beijar Espanhol
Seus filhos jogando comer a felicidade invadindo
Ela nesta terra de liberdade seria
Os meninos crescem, se passar necessidade
Comprar uma casa em sua nova pátria, Espanha
Dolores Jurado
A Sombra do Vento
nessas trevas em que o fogo me consome
em que apago da memória essa gana
do amor de um instante que golpeia
de um rosto que se foi e que me espreita
não é a vida que penetra às escondidas
nem a morte que me unge soturna
são os miasmas de uma febre que ferve
que se escancara e me derrota a cada dia
quando ainda pequenino me esguelhava
me perdia entre os livros esquecidos
que se estreitavam em uma sombra
que cresciam como animais em suas jaulas
o vento se lançava como um espectro
entre a névoa que me escondia compungida
eu corria como um ser que já se foi
nas pegadas do oculto ser sem face
eu amava com uma dor latente e fina
me desdobrava na angústia pálida sentida
o presente que se emoldurava à minha frente
o destemor de quem se lança no abismo
Abilio Terra Junior
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
Lira de marfim
Reflexo de mim
Em si, divaga e vaga
Logo ali.
Teus passos avessos,
Espessos compassos
Que faço ser sãos
Ademais canção,
Transcendência fica
Para depois.
Humanas glórias
Aos olhos de um deus.
As ondas quebram
Símbolos espumados
Em pedras brutas
Clichês bailam em
Minha mente
Anoto um fio de graça
Na pauta do vazio
Por sobre os candelabros
Laicos, esvaziam-se sóis
Contemplo o adeus ritmado
Que dança
Em parcelas.
ACM
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