terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A Morte



Coração inacabado, inda orvalhado
Em ritmo fleumático, compassado
De afectos e de agravos desgastado
De luares e poentes devastado
Sonhos, ideais nunca alcançados
Olores sabidos, sorvidos, aspirados
Rosas que nunca foram desfolhadas
Pétalas não tocadas, não cheiradas
Brisas, ventos, tempestades trovoadas
Raios de sol, estrelas cadentes
Beijos ofegantes, amores quentes
Paixões, ilusões, desilusões
Pradarias, alegrias, melodias
Saudades, despedidas e partidas
Amizades, camaradas, gargalhadas
Tristezas, dor, amargura, desventuras
Uma casa, o céu azul, o infinito
Mares de prata, areias brancas
Prados verdes, jardins matizados
Revolta, raiva, vazio, impotência
Sensação de fim é acabado
O tempo breve, efémero, mal usado
Latejando, um sopro, uma lembrança
Um Deus, um rosto, uma luz
Uma prece, a fé a confiança
A lágrima, a leveza, uma esperança.

Mariana Goinhas



Nenhum comentário: