José Marins
Existe neurose,
lordose, artrose. Mas você sabe o que é celularose?
Inicialmente é apenas uma palavra que acabo de inventar.
Isto porque
não encontro uma expressão para designar essa febre por
telefone
celular. Não quero chamar de mania por celular, é muito mais
grave.
Passou na TV, eu
vi, você deve ter visto também, talvez nem reparou.
A velhinha disse sorrindo ter dois desses aparelhinhos de
telefone celular.
Não entendi. Por que dois? Ela foi mostrar e não conseguiu
localizar dentro
da bolsa, ficou meio sem graça só mostrando um. Então, o
repórter deu a
idéia: ligar para o número daquele outro celular. O bicho
tocou dentro da
bolsa e a doce senhora o localizou. A coisa berrava uma
daquelas
insuportáveis musiquinhas.
Eu estava
voltando para casa de ônibus, quando no banco detrás a
mocinha ligou o celular: “Mãe, tô indo. Onde estou? Onde!
Estou no
ônibus, onde poderia? No ônibus de sempre, mãe!”
A mãe se levantou
lá na frente e deu tchauzinho para a filha. As duas
estavam no mesmo ônibus. Eu pensei que a menina se
levantaria e prosseguiria
a conversa lá, junto da mãe. Que nada, elas continuaram
conversando pelo telefone
mesmo.
Um amigo me
contou que na igreja, antes de começar a missa, o comentarista
pediu aos portadores de celulares que os mantivessem
desligados durante a celebração.
Súbito um deles soou. Era justamente o dele. Foi impossível
conter o riso.
Outro dia, um
cliente insistiu duas vezes numa ligação via celular. “Deve estar
com problemas, não completa.” Em seguida deu uma risadinha sem graça, ele
estava ligando para o próprio número.
Celularose, a
febre do uso indiscriminado do monstrengo. Eu, hem? Tô fora!
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