Todas os tardes numa tarde
e dentro dela a glória inoxidável das manhãs
e o encantamento das palavras aprendidas ao anoitecer.
O paraíso foi um lapso de luz e medo e contorções
e um rosto no escuro me buscando
e mãos que desfaziam muros e erguiam ao lado da velha
sinagoga
o mais soberbo gesto de alforria. A Via Láctea que desataste
em mim,
a coca-cola que tomamos e os risos como éclogas ensandecidas
foram o sinal de que resgatáramos enfim
o que ficara no fundo da boceta de Pandora.
Otto Leopoldo Winck
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