IMPRECISÃO
O que mais espanta
é o homem sempre
querer-se exato.
Pois sua medida
perde-se nas frinchas
de seu próprio ato.
E, se o ato trinca,
permite o assalto
da imprecisão.
E esta, insolente,
espalha-se por tudo
(grama pelo chão).
Feito epidemia,
todos contamina,
alhures e aqui.
E o homem, pego,
perde a medida,
perde-se de si.
E, uma vez perdido,
o homem se lança
ao léu das palavras.
Mas estas, latentes,
menos se revelam
quanto mais se cava.
Mas revelam o homem,
que, à sombra delas,
tenta se esconder.
Ele, então, desnudo,
mostra-se inteiro
em um outro ser.
Só assim, desfeito,
o homem se refaz
da potência ao ato.
E, ao refazer-se,
torna-se completo,
ainda que inexato.
Edelson Nagues
Do livro Águas de Clausura (Scortecci Editora).
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