terça-feira, 27 de maio de 2008

Menino Falcão

Preste muita atenção
Na história que vou contar
é chocante, é real
Eu preciso gritar
No que se deu
o seu mal
Nem adianta chorar
Essa é a história cruel
De um menino falcão
Por isso, preste atenção
É história de dor e humilhação
Tudo que ele queria
Era um cantinho no céu
No céu da cidadania
Mas viveu jogado ao léu.
Mergulhado na hipocrisia
Sociedade coberta com véu
Filho da miséria esquecido
Da fome e do preconceito
Nunca viveu uma infância
Nunca teve outro jeito
A primeira coisa que aprendeu
foi segurar um arma
no passo que sucedeu
o pior já tava feito
Menino filho da rua
Filho da desigualdade
Não queria nada mais
Que viver com dignidade
Não encontrou noutro canto
Um lugar na sociedade
Hoje é o falcão
De muitas comunidades
Cresceu entre a fome e a maldade.
Mas não é passaro majestoso
É criança assustada
Tudo que desejava segurar
Não era metralhadora de rajada
Ele queria era estudar
Mas sua sorte foi cortada
Não voa sobre seus sonhos
Suas asas estão aparadas
Não tem direito a vida
Vivo ou morto, pouco importa
Não tem justiça que o proteja
Não respira, é esperança morta
Esse é o menino falcão
Do Brasil dos excluídos
Negro, branco, fuzilado
Nem queria ter nascido
Vive a ser desprezado
Sofre e chora esquecido
Não queria ser bandido
Pelo caos foi escolhido
Ele voa muito cedo
Quebrou as asas , nem tem nome
Acredita que noutro lado
Ao menos não morrerá de fome
Um menino Falcão
Nem nome, nem sobrenome
Não há luto em sua morte
É mais um corpo que some
Não a esperança pra sua sorte
Nunca chegará a ser um homem.
Sirlei Passolongo

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