segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dois Poemas do Poeta Czeslaw Milosz

DESCRIÇÃO HONESTA DE SI MESMO JUNTO A UM COPO DE WHISKY NO AEROPORTO, DIGAMOS EM MINNEAPOLIS

Meus ouvidos ouvem cada vez menos das con-versas, meus olhos vão ficando mais fracos, mas não se fartaram.

Vejo suas pernas em minissaias, em calças com-pridas ou tecidos voláteis,

Observo uma a uma, suas bundas e coxas, pen-sativo, acalentado por sonhos pornô.

Velho depravado, é a cova que te espera, não os jogos e folguedos da juventude





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Não é verdade, faço apenas o que sempre fiz, compondo cenas dessa terra sob as ordens de uma imaginação erótica.

Não desejo a estas criaturas, desejo tudo, e elas são como o signo de uma convivência extática.

Não é minha culpa se somos feitos assim, metade contemplação desinteressada, e metade apetite.

Se após a morte eu chegar ao Céu, lá deve ser como aqui, só que me terei desfeito da obtu-sidade dos sentidos e do peso dos ossos.

Tornado puro olhar, sorverei ainda as propor-ções do corpo humano, a cor da íris, uma rua de Paris em junho de manhãzinha, toda a in-compreensível, a incompreensível multidão das coisas visíveis
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T.S.

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