domingo, 26 de julho de 2009

Procura Insana

Preciso encontrar uma pessoa,

Alguém que de certa forma,

Seja importante ao menos pra mim,

Preciso disso, antes do fim.


Alguém que se sinta bem

Ao dar um abraço amigo,

Mas que principalmente,

Sinta-se bem ao receber outro.


Um tipo de gente simples,

Que descomplique as coisas,

Se revolte perante a iniqüidade,

Não aceite a perenidade da mesmice,

Lute pela melhoria da humanidade,

E sinta prazer de encontrar o outro.


Preciso encontrar essa pessoa,

Para reencontrar a vida,

Não mais morrer vivendo,

E saber que o amor ainda existe.


Esse alguém..., eu o sei possível,

Escondido..., mas ao mesmo tempo,

Que se mostra a todos e sem medos,

Na espera também de ser encontrado.


Quero encontrar esse tipo de gente,

Que tenha sensibilidade,

Saiba chorar sem vergonha,

Rir ou gargalhar com liberdade,

Que tenha as mãos suaves,

Para o toque do carinho.


Preciso dessa pessoa para beijá-la,

E ser por ela beijado,

Desejá-la..., e também a um só tempo,

Por ela ser completado.


É alguém que deve saber bem ouvir,

E ainda..., melhor na hora certa..., falar,

Ter no olhar a ternura,

E sentir cheiro de flores no ar.


Uma pessoa normal,

Que a cabeça se aninhe,

Nas mãos de quem a acaricie,

E que a respiração compassada,

Se altere ao encontrar olhos,

Tão sinceros quanto os próprios.

Estou cansado...,

A procura é insana,

Por muitas mãos já passei,

Em nenhuma delas fiquei.


A vida infantil foi rica de imagens,

A jovem nem tanto, faltava alegria,

Como adulto, cedo, pus os pés ao chão,

Agora maduro..., a procura é insana.


Chego a quase uma velhice,

Vida vivida com apegos sim,

Mas com pieguices..., não,

Consciente da falta que isso faz,

Procuro sanar a angústia voraz,

Com doses homeopáticas ineficazes.


Preciso de um tratamento de choque,

Um antibiótico injetado na alma,

Que mate de uma vez por todas,

O lastimável micróbio da solidão.


É..., chega de ser só, viver só, só..., sentir,

Chega de colocar nos outros viventes,

Qualidades neles, inexistentes,

Chega de fechar os olhos à realidade,

Chega de ouvir o que não quero,

Basta de preocupação sem esmero.


É..., a verdade grita,

E com ela me desperto,

Se isso que declaro é o que quero,

Não posso parar no tempo.


A vida continua...,

Eu permaneço,

Não sei por quanto tempo,

Mas a urgência se faz presente...,


Preciso..., me re-encontrar.

Olinto Simões

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