quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

NO JARDIM DE VÊNUS II

Nunca direi – Te amo!







Bárbara Lia

Nunca direi – Te amo! Posto que é desejo santo



E traz teu rosto – Miragem que pousa na retina



Basta! A primavera garante que elas acabaram



: É o fim das lágrimas. Líquidos apenas outros -



Nosso Gozo. Ainda que embaçado pelas folhas



Do outono que vivemos – É vermelha flor que



Rola na alameda e é vermelho o telefone que



Traz este mar sonoro – Alma ancorada em voz



E quando suplicas que eu te consagre em rito



Eu me banho incensada em orquídeas, jasmins



E quando amanhece e meu ser desperta – Eis:



A primeira miragem – teu rosto dentro de mim



Tu que estás dentro de mim, tu que estás aqui



Dentro de mim. Teu sopro corpo palavra e pau



Dentro de mim. Teu olhar – vidro que parte as



Paredes e me invade. Logo ali a garota sonha -



Tolices ancestrais: Amor eterno casar ser feliz



A pássara que rega com sua aura o raio da lua



Morre de pena da garota que crê – Amor esta



Utopia Mor. O teu grito é o eco do meu – Nós



Cremos sim é no desejo insano inaugurando o



Sol ardente de Eros e a Lua escandalosa dela –



Poderosa Afrodite – Neste intercâmbio voraz:



Tua sutileza que abre minha vulva sem tocar;



Minha loucura: A endurecer teu pau e eriçar



Pelos – Nós nos buscamos na manhã – Neste



Tudo de amar. E quando despes meu vestido



Nada acima da pele. Nada no ar. A não ser a



Canção. Nada a passear no chão – E o mundo



Não sabe que ali – naquela janela – É o Éden



A coberta da cama agora é nuvem. Soro vivo



– teu sêmen que me lava poro a poro. Sim!



A consagração da vida em coito puro a curar



Todo o cansaço, agonia, dores, temores gris



:: O desejo saciado é o céu que nos visita ::



:: O desejo saciado é o amor envelhecido ::



O desejo é um velho sábio, que sacode o ar



E segue sua trilha morto de pena do amor -



Este impostor – Que há séculos e séculos e



Séculos amém nubla esconde a dádiva mor



– Eu te desejo – Tu me desejas



Utopia não nos sacia. Só o desejo -



Só o desejo que chegou sem aviso



Registro, AR – telegrama onírico à



Nossa frente – A nos gritar para não adiar



Teu desejo – Meu desejo – Murmuramos:



Que Eros nos Proteja! Nos Proteja! AMÉM



Bárbara Lia (Assaí, 24 de agosto) é uma escritora brasileira.

Nasceu em Assaí, norte do Paraná. Publicou poemas em jornais literários como Rascunho, Garatuja, Mulheres Emergentes, Revista Etcetera, Revista Coyote, Ontem choveu no futuro. Na Internet, tem textos publicados na Zunái, Cronópios, Blocosonline, Editora Ala de Cuervo, entre outros.

Bárbara foi por duas vezes finalista do Prêmio Sesc de Literatura: em 2004 com o romance Cereja & Blues (inédito em livro) e, em 2005, com o romance Solidão Calcinada (publicado em 2008 pela Secretária de Estado da Cultura). Terceira Colocada no Concurso de Poesias Helena Kolody – 2006, Menção Honrosa no mesmo concurso em 2007. Menção Honrosa no Conc. Nacional de Contos Newton Sampaio/2009. Premiada no Concurso de Contos Grotescos – Prêmio Edgar Alan Poe/2009 e PrêmioUfes Literatura/2009. Entre outros importantes poetas da atualidade, faz parte do livro de ensaios O que é poesia? (Ed. Confraria do Vento), organizada por Edson Cruz.

Obra

O sorriso de Leonardo (Poesia, Edições Kafka – 2.004)

O sal das rosas (Poesia, Lumme editor – 2.007)

A última chuva (Poesia, ME – ed. alternativas – MG – 2.007)

Solidão Calcinada (Romance, Secretaria da Cultura / Imprensa Oficial do Paraná – 2008)

Constelação de Ossos (Romance, Vidráguas/2010)
 
Fonte:blog leituras favre

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