terça-feira, 21 de agosto de 2012


Cantiga Ocre Demerara


Sofria de falta de importância.
Um dia, acometida de crise aguda, tomou um cafezinho num boteco e sumiu.
Anos depois, um poeta pós-moderno a encontrou e a levou para tomar ar e sol.
Curada da desimportância, ela agora sorria e aplaudia ao ouvir rimbaud
e baudelaire.

E o poeta jamais lhe disse que a encontrara morta, toda encolhida, misturada
com restos de açúcar demerara, dentro de um mísero sachê antigo de bar.





Lilly  Falcão

Nenhum comentário: