Há três mil anos existia uma escrava egípcia chamada Adjena,
que vivia com dores no corpo, mas que mesmo assim precisava trabalhar. Um certo
dia esta moça estava trabalhando na lavoura, quando começou a sentir dores
horríveis, por isto, ajoelhou-se e orou para o céu:
- Sol, Lua e estrelas, por favor, curem minhas dores!
De repente, apareceu uma deusa, que pegou um pouco da luz do
Sol, um pouco da poeira da Lua, um pouco do brilho das estrelas e assim formou
um aro luminoso. Após isto, ela disse:
- Eu sou a deusa Nut e posso atender ao seu pedido. Este
arco é um bambolê, que ajudará a acabar com suas dores. Basta fazer este objeto
girar em torno da sua cintura. Mas, em troca, seu corpo ficará preso nesta
fazenda, mesmo depois da sua morte. Afinal seu espírito só poderá descansar,
após seu falecimento, quando você entregar este aro mágico a outra pessoa que
passe por este solo e precise muito de ajuda.
Assim Adjena pegou a argola gigante e colocou em volta do
seu corpo. Porém, naquele mesmo instante, o bambolê tornou-se feito de fios
secos de parreira. Porém apesar disto, permaneceu com o mesmo formato. Deste
jeito, a donzela fez com que ele girasse em torno do próprio corpo e sentiu-se
melhor. A partir daquele dia sempre que esta jovem sentia dor, ela usava este
aro e o problema passava.
Um certo dia Adjena estava trabalhando na lavoura quando, de
repente, outra escrava invejosa bateu com a enxada na cabeça da pobre, que
faleceu. Desta maneira, a assassina enterrou a rival debaixo do solo daquele
sítio. Alguns anos após este crime, aquela fazenda foi abandonada e ninguém
descobriu o corpo da vítima.
Séculos depois, uma caravana de ciganos resolveu acampar
naquele mesmo local. Deste jeito, a cigana Amaleia decidiu dar uma volta no
local. Quando de repente, fez a seguinte queixa em voz alta:
- Se minhas costas não doessem tanto...
Como um raio apareceu uma dama com um bambolê nas mãos, que
disse:
- Boa tarde!
- Sou Adjena e tenho a solução para as suas dores: basta
girar esta argola gigante em torno do seu corpo que ele ficará curado.
Então Amaleia pegou o bambolê, girou o objeto em torno do
seu corpo e notou que a dor sumiu.
De repente, ela olhou em direção à Adjena e percebeu que ela
criou asas e voou para o céu.
Quase não acreditando no que aconteceu, a cigana decidiu
mostrar a nova dança com a argola gigante para o acampamento. De repente, sua
avó exclamou:
- Ah, que dor nos braços!
Assim Amaleia comentou:
- Experimentarei algo: colocarei este bambolê para girar em
torno do seu braço.
A garota fez o prometido e a dor da idosa passou. Ela tomou
atitudes semelhantes com pessoas que tinham dores em diversas partes do corpo:
pescoço, pernas e cinturas. Desta forma, o resultado era sempre positivo.
Como passatempo, Amaleia passou a rebolar junto com o
bambolê. Então, as ciganas passaram a confeccionar este instrumento com fios
secos de parreira e criaram coreografias de dança com estas argolas gigantes.
Quando chegou a Idade Média, os bambolês foram proibidos
devido à sensualidade. Mas, em alguns circos de origem cigana, as bailarinas
continuaram a se apresentar com estas argolas gigantes.
O bambolê, de plástico colorido, como conhecemos atualmente
surgiu nos Estados Unidos em 1958.
Reza a lenda que Amaleia, a Cigana do Bambolê, é uma
entidade amistosa que costuma atender as pessoas que possuem dores pelo corpo.
Ela usa saias estampadas e sua música predileta é Bamboleo da banda Gipsy
Kings.
Luciana do Rocio Mallon