sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Priscila Lopes

_ das esperas virtuais e outras urgências:
Repouso às teclas enquanto boceja à direita
um pássaro que não é meu - me espreita
à janela: não posso tocar nela, não posso
tocar nela, nela, nela... - ouço uma canção
que eu não sei de quem,
de onde vem,
e entardeço as esperas.
Eu leio o teu nome na tela.
Eu teço o teu corpo na teia.
- É um poema! É um poema!
A sede é gorda, e a recebo
em linhas, em letras, em literaturas
norte-americanas, latinas, anônimas.
Eu te desvendo o mundo:
- Agora que enxergas tudo, conti-
nua escrevendo em mim?
Um documento sem título confessa.
Uma folha sem timbre ecoa.
(ainda escreverei um livro teu)
E o meu silêncio é ébrio
como teus dois cálices

- adivinho.

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