Tão lúdica é a fundura do desejo
-- as órbitas consteladas -- enquanto
os dias queimam tuas armaduras.
Teu altar é esse fruto que uiva na
casca(não a árvore pagã que morreu
com os pássaros). Alço um templo
sem portas para instalar a primavera
em teus olhos. O amor é a ciência
de arder as veias e a concha onde o
mar perde os músculos. Quando a
brisa soprar teus jardins --, revida!
Nada nos retém no tempo além do
caos que nos haure esta luz que ladra.
ll.
Falo da paisagem nutriz em teu lábio,
do que em ti amora. Não do centeio
que a terra custa a doar. Tenho a fome
de Ulisses chegando a Ítaca. Dá-me
esse arbusto que acorda os mortos;
dá-me esse pão cheirando a luas.
O poema quer fecundar-te. O poema
quer habitar as coisa preenchidas
de espanto (essa flor impassível
em teu ventre) e não há lenha
para sua chama.
SALGADO MARANHÃO
(Do livro Avessos Avulsos)
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