sexta-feira, 28 de outubro de 2016

master tese

William Teca


o orientador se aproxima da bancada (sotaque francês, pós-doc da sorbonne):
"o que é que você está fazendo?"
"uma tese sobre herberto helder, chef."
"e está usando o quê?"
"vou usar um pouco de heidegger, uma pitada de hegel e nietzsche pra acrescentar alguma rebeldia."
"nenhum derridá, nancy, deleuze?"
"não me dou muito bem com eles, chef."
"você sabe que filósofos franceses caem bem em tese?!"
"sei sim, chef."
"mesmo assim, não vai usar?!"
"prefiro não arriscar, chef."
"hum...e isso aqui o que é?"
"são as citações, chef."
"tudo isso de citações?"
"é pra dar mais sabor, chef."
"e já está encaminhado?"
"quase tudo chef, a introdução está pronta, alguns capitulos já saíram do forno e os outros estão marinando."
"e você acha que vai dar tempo?"
"espero que sim, chef."

"vamos ver, vamos ver; tese sem franceses, nunca vi isso."

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