sexta-feira, 28 de outubro de 2016

soneto para ninar a selvagem em mim


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há seis décadas luto como uma menina
na rua no quintal e numa velha campina
lado a lado com o amor sem dar propina
sem medo e só com o que a vida ensina
dá-me o ombro magro e, suave, me nina
em alguns dias cansa ser quase heroína
rasga meu peito pra arrancar alma felina
deixa o sol bater com o fogo que calcina
lava minha fúria para que mude esta sina
diga-me suave: - quem ama não domina!
cuida que eu abandone esta adrenalina
de viver a roubar o sol em cada esquina
quero um beijo eterno - tua boca fascina
quiçá o tempo que resta seja - purpurina

Bárbara Lia

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