terça-feira, 15 de junho de 2010

Angústias

Perder o nunca tido,

isso tenho perdido.

Areias, dedos, firo,

Faro, fúria, ímpeto.

Fera envolta em linho.

Feroz, em desalinho.

Choro, quando brinco.

Brinca, meu destino.



Brinca, o que há de ser,

sem ser tudo, brinca.

Brinca o desdizer.

Brinca o revelado.

Brincando, o clandestino,

lábio inflamado.

Brinca, o que não é,

pinçado entre as sombras,

caminho não nomeado,

futuro assombra,

segundos antes, de ser passado.



Julio Almada, Livro dos Silêncios

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