O homem agiu sem dúvida. Nascida a primeira filha, sem consultar a mulher, partiu para o cartório já com o pensamento obstinado a inaugurar um nome que, faltando alcance geral para torná-lo algo como uma linhagem, seria ao menos causa de admiração pela beleza e ineditismo. Assinatura. Nasceu Assinatura apesar dos esforços escrivãos em dissuadir o pai. Uma ameaça calou mais que mil palavras e imprimiu a certidão com um sêlo, muito a contragosto.
Já a mulher se acostumara ao jeito do marido. na segunda gravidez acompanhava aquele remoejo de boca à elaboração do nome do filho ou filha, cujo segredo o pai impunha, ao calar com um simples olhar as investidas da mulher em torno do desejo de um nome. Ela, a mãe, não tinha direito ao nome já que tinha ao feto; calava-se.
A mesma história se repete. Do hospital, assim que vê a criança, examina-lhe a saúde, a normalidade, o sexo e dirige-se ao cartório. Dessa vez batizou Rubrica. O mesmo escrivão flexibilizou-se perante à logica das escolhas; balbuciou uns prós e contras, mas a repelência das lembranças deu causa ganha ao registrante.
E assim, ali estavam as duas certidões. Assinatura e Rubrica, como irmãs na carne, unidas pelo sobrenome comum, exercendo um forte laço e significado entre ambas. Mais que isso, faziam às vezes a representação uma da outra, papel este mais recorrente à Rubrica.
A terceira gravidez não foi adiante. A criança, um menino. Para frustração do pai, que não pode repassar seu legado. Que aliás, poderia não ser para o filho algo a que pudesse assumir. Afinal, quem seria ele de fato sendo Pseudônimo?
Maria José de Menezes
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