terça-feira, 8 de junho de 2010

Vaivém

Vai…



Espaço curvo e finito



Oculta consciência de não ser,

Ou de ser num estar que me transcende,

Numa rede de presenças e ausências,

Numa fuga para o ponto de partida:

Um perto que é tão longe, um longe aqui.

Uma ânsia de estar e de temer

A semente que de ser se surpreende,

As pedras que repetem as cadências

Da onda sempre nova e repetida

Que neste espaço curvo vem de ti.



(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)



…Vem



Sublimemos, amor. Assim as flores

No jardim não morreram se o perfume

No cristal da essência se defende.

Passemos nós as provas, os ardores:

Não caldeiam instintos sem o lume

Nem o secreto aroma que rescende.



José Saramago, in “Os Poemas Possíveis”

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