Ainda sem nome, era vida! Havia quatro meses que tinha como
morada o ventre.. Era esperto, já projetava seus sonhos no mundo fora da
barriga da mãe. Chutava imaginando-se jogando futebol, quando batia os
bracinhos se via nadando numa piscina olímpica. Queria ser atleta, mas também
desejava estudar, via-se indo para escola, levado de carona por seu pai, na
volta, saltitando para os braços da mãe. Safadinho, já pensava na primeira
namorada.
Numa tarde, curioso, prestava atenção no dialogo dos seus
pais, queria saber qual o nome que seria lhe dado:
__ Falei pra você, não era hora de mais um filho, já temos
dois.
__ Eu sei amor, não queria, você sabe, esqueci de tomar o anti.
__ Por que não tomou a do dia seguinte?
__ Verdade, mas pensei que não ia dar em nada.
__Mas deu! Olha aí sua barriga! Mais um filho!
__ Quem sabe virá uma menina dessa vez.
Com o coraçãozinho apertado, o menino encolheu o seu
pintinho.
__ Que venha uma menina, pelo menos isso! Vai ser foda,
pagar as despesas desse bebê.
__ Sei, eu sei, tudo tão caro. Temos de arrumar uns
padrinhos que nos dê um enxoval. Fale com seu chefe, assim faz uma media com
ele.
__Verdade! Farei isso, mulher. Quem sabe venha a tal
promoção que tanto espero. Daí essa criança não será de todo mal.
O menino, primeiro tentou tampas os ouvidos, mas depois de
refletir, percebeu que seus sonhos não poderiam ser plenamente realizados
naquela família. Enrolou seu pescoço no cordão umbilical.
JDamasio
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