Sete horas da manhã.
Quando Orlando me viu parada naquelas horas puxou logo
conversa:
Disse que estava indignado com a Ketlin. Pois veja só: Ela
fechou a porta na cara do Wilson. Dizia que reconheceu a maldade que reside em
seu coração; dizia que o que ela viu foi um equívoco, foi um gambá.
Orlando lembrou-se que Wilson era só “Ketlin dali, Ketlin
daqui... ela é minha namorada e assim por diante; ela tem os olhos azuis e uma
boca que dá vontade de beijar o tempo todo... e seus cabelos, uma seda!”
Agora, além das saudades de Ketlin, prosseguiu Orlando,
Wilson juntou todas as letras e fez um samba canção para saudar a sua querida.
E mesmo trabalhando feito um condenado mandava entregar bilhetes às mãos dela e
que ela fazia barquinhos de papel.
Orlando não se conformava com tanta ingratidão!
Eu sorri de toda aquela estória, disse que isso era
realmente um desaforo, olhei o relógio e fui abrir o empório que a vida batia
na minha porta.
Um casal antigo
(Mara Paulina Arruda)
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