A Colunista do Grande Jornal Diário
equilibra-se
nos indispensáveis
saltos Christian Louboutin
para analisar os fatos políticos
com distanciamento crítico
e objetividade jornalística.
Ela é jovem, moderna, sofisticada,
usa vestidos Patrícia Bonaldi
e bolsa cor de prata Hermès
(Mercúrio é a divindade que rege
as comunicações). Em seu twitter,
dispara o último grito
dos bastidores do Congresso,
com senso de humor peculiaríssimo
e a mais apurada reflexão.
Entre um e outro gole de cherry brandy,
folheia, na revista novaiorquina,
as últimas criações de Domenico Dolce
e Stefano Gabbana, inimagináveis
nessa selva selvagem de mortos de fome.
Vivemos no pior dos mundos possíveis,
diz ao seu personal trainer,
o último círculo do ínfero Hades,
onde desfilam hordas de africanos,
índios, pederastas, crianças ramelentas,
estudantes bolcheviques. Massa mal-cheirosa,
escura, ignara, que nunca leu Paulo Coelho,
Afonso Arinos, Fernando Henrique Cardoso.
É impossível viver com essa gente,
pondera com a sua manicure ucraniana,
é preciso dividir o Brasil em bantustões,
para que a raça branca tenha um futuro possível.
Ela acredita na Divina Providência,
no Destino, nas Forças Vivas da Nação.
E aplica suavemente gotas aromáticas
(Ralph Lauren) em sua nuca,
enquanto espera pela Vinda do seu Fuhrer.
Claudio Daniel